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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

''Tolstoi, Um Grande Artista''. De Lênin.

  ''Morreu Leon Tolstoi. Sua importância mundial como artista e sua popularidade universal como pensador e pregador refletem, a seu modo, a importância mundial da revolução russa.

  Leon Tolstoi se manifestou como um grande artista desde os tempos do regime da servidão. Em várias obras geniais, escritas por ele no transcurso dos longos cinquenta anos em que se prolongou a sua atividade literária, pintou de preferência a velha Rússia anterior à revolução, que depois de 1861 ficou em um regime de semisservidão; pintou a Rússia aldeã, a Rússia do latifundiário e o camponês. Ao pintar esse período da vida histórica da Rússia, Leon Tolstoi soube apresentar tantas questões fundamentais em seus escritos, alcançou em sua arte tão grande força, que suas obras figuram entre as melhores da literatura mundial.

  A época em que se preparava a revolução em um dos países oprimidos pelos senhores feudais foi, graças à forma genial com que Tolstoi a tratou, um passo adiante no desenvolvimento artístico de toda a humanidade.

  Como artista, somente uma minoria insignificante o conhece na Rússia. Para fazer efetivamente suas grandes obras patrimônio de todos, há que lutar contra o regime social que condenou milhões e milhões de seres à ignorância, ao embrutecimento, a um trabalho próprio de condenados e à miséria; há que fazer a revolução socialista.

  Tolstoi não só escreveu obras literárias que sempre serão apreciadas e lidas pelas massas quando estas criem para si condições de vida humana, derrubando a opressão dos latifundiários e dos capitalistas; ele soube também descrever com força admirável o estado de ânimo das grandes massas subjugadas pela ordem de coisas desse tempo, soube também pintar sua situação e expressar os seus sentimentos espontâneos de protesto e indignação. Tostói que pertenceu, principalmente, à época de 1861 a 1904, refletiu com assombroso realce em suas obras – como artista e como pregador – as características da especificidade histórica de toda a primeira revolução russa, sua força e sua debilidade...

  Olhem com atenção o que dizem de Tolstoi os jornais do governo. Choram lágrimas de crocodilo assegurando que têm em alta estima o “grande escritor”; mas, ao mesmo tempo, defendem o “santíssimo” sínodo. E os santíssimos padres acabam de cometer uma canalhice das mais imundas, enviando seus popes à cabeceira do moribundo, para enganar o povo e dizer que Tolstoi se “arrependeu”. Antes, o santíssimo sínodo havia excomungado Tolstoi.

  Prestem atenção no que dizem de Tolstoi os jornais liberais. Eles se apressam com estas frases ocas, oficial-liberalescas, batidas e professorais sobre “a voz da humanidade civilizada”, “o eco unânime do mundo”, “as ideias da verdade e do bem”, etc. etc., pelas razões que Tolstoi castigava com tanta força e tanta razão contra a ciência burguesa. Os jornais liberais não podem dizer clara e concretamente o que pensam das idéias de Tolstoi sobre o Estado, a Igreja, a propriedade privada da terra e o capitalismo. Isso não porque a censura os atrapalha – pelo contrário, a censura os ajuda a sair da dificuldade.

  Eles não podem porque cada tese da crítica de Tolstoi é uma bofetada no liberalismo burguês; porque, por si, a valente, franca e implacavelmente dura concepção das questões mais candentes e mais malditas de nossa época por Tolstoi é uma bofetada nas frases estereotipadas, nos batidos subterfúgios e na falsidade escorregadia, “civilizada” de nossa imprensa liberal (e liberal populista).

  Morreu Tolstoi, e se foi o passado da Rússia anterior à revolução, a Rússia cuja debilidade e impotência se expressaram na filosofia do genial artista e vemos refletidas em sua obras. Mas em sua herança há coisas que não pertencem ao passado. Pertencem ao futuro. Essa herança passa às mãos dos proletários da Rússia, que a está estudando. Daí virá a explicação às massas trabalhadoras e exploradas da significação da crítica que Tolstoi fez ao Estado, à Igreja, à propriedade privada da terra; e não o fará para que as massas se limitem à autoperfeição e a suspirar por uma vida santa, mas para que se levantem com o fim de lançar um novo golpe à monarquia czarista e à posse da terra por latifundiários, que em 1905 só foi ligeiramente quebrada e que deve ser destruída. Então se explicará às massas a crítica que Tolstoi fez do capitalismo, mas não o fará para que as massas se limitem a maldizer o capitalismo e o poder do dinheiro, mas para que aprendam a apoiar-se, em cada passo de sua vida e de sua luta, nas conquistas técnicas e sociais do capitalismo, para que aprendam a se agrupar em um exército único de milhões de lutadores socialistas, que derrubarão o capitalismo e criarão uma nova sociedade sem miséria para o povo, sem exploração do homem pelo homem.''


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Controle Operário.

Texto de Antonio Gramsci.

  Para os comunistas, pôr o problema do controle significa pôr o maior problema do atual período histórico, significa pôr o problema do poder operário sobre os meios de produção e, por conseguinte, o problema da conquista do Estado.

  Deste ponto de vista, a apresentação de um projeto de lei, sua aprovação e sua execução no âmbito do Estado burguês são eventos de importância secundária: o poder operário tem e só pode ter sua razão de ser (e de se impor no interior da classe operária) na capacidade política da classe operária, na potência real que a classe operária possui como fator indispensável e ineliminável da produção e como organização de força política.

  Toda lei sobre isso que emane do poder burguês tem um único significado e um único valor: significa que realmente, e não só verbalmente, o terreno da luta de classes mudou, na medida em que a burguesia é obrigada, neste novo terreno, a fazer concessões e a criar novos institutos jurídicos; e tem o valor demonstrativo real de uma debilidade orgânica de classe dominante.

  Admitir que o poder de iniciativa possa sofrer limitações, que a autocracia industrial possa se tornar"democracia", ainda que formal, significa admitir que a burguesia está agora efetivamente alijada de sua posição histórica de classe dominante, que a burguesia é efetivamente incapaz de garantir às massas populares as condições de existência e de desenvolvimento.

  Para se livrar de pelo menos uma parcela de suas responsabilidades, para criar um álibi para si mesma, a burguesia se deixa"controlar", finge deixar-se tutelar.


  Certamente seria muito útil, para os objetivos da conservação burguesa, que um avalista como o proletariado assumisse diante das grandes massas populares a tarefa de testemunhar que ninguém deve ser culpabilizado pela atual ruína da economia burguesa, mas que é dever de todos sofrer pacientemente, trabalhar com tenacidade, esperando que as atuais fraturas sejam soldadas e que um novo edifício seja construído sobre as atuais ruínas.

  O terreno do controle, portanto, aparece como o terreno no qual burguesia e proletariado lutam para conquistar para conquista a posição de classe dirigente das grandes classes populares.

  O terreno do controle, portanto, aparece como o fundamento sobre o qual a classe operária - tendo conquistado a confiança e o consentimento das grandes massas populares - constrói o seu Estado, organiza as instituições do seu governo, chamado para integrá-lo todas as classes oprimidas e exploradas, e inicia o trabalho positivo de organização do novo sistema econômico e social.

  Através da luta pelo controle - luta que não se trava no Parlamento, mas que é luta revolucionária de massas e atividade de propaganda e de organização do partido histórico da classe operária, o Partido Comunista -, a classe operária deve adquirir, nos planos espiritual e organizativo, consciência de sua autonomia e de sua personalidade histórica.

  É por isso que a primeira fase da luta se apresentará como luta por uma determinada forma de organização.

  Esta forma de organização só pode ser o conselho de fábrica, bem como a organização nacionalmente centralizada do conselho de fábrica.

  Esta luta deve ter como resultado a constituição de um conselho nacional da classe operária, que será eleito - em todos só seus níveis, do conselho de fábrica ao conselho urbano e ao conselho nacional - mediante sistemas e procedimentos estabelecidos pela própria classe operária, e não pelo parlamento nacional, não pelo poder burguês.

Esta luta deve ser encaminhada no sentido de demonstrar às grandes massas da população que todos os problemas existenciais do atual período histórico, os problemas do pão, do teto, da luz, do vestuário, só podem ser resolvidos quando todo o poder econômico - e , portanto, todo o poder político - tiver sido transferido para a classe operária.

  Ou seja: esta luta deve ser encaminhada no sentido de organizar em torno da classe operária todas as forças populares em revolta contra o regime capitalista, com o objetivo de fazer com que a classe operária se torne efetivamente classe dirigente e guie todas as forças produtivas a se emanciparem através da realização do programa comunista.

  Esta luta deve servir para pôr a classe operária em condições de escolher, em seu próprio seio, os elementos mais capazes e enérgicos, para fazer deles seus novos dirigentes industriais, seus novos guias no trabalho de reconstrução econômica.

  Deste ponto de vista, o projeto de lei apresentado por Giolitti à Câmara dos Deputados representa apenas um instrumento de agitação e propaganda.

  É assim que ele deve ser examinado pelos comunistas, para os quais tal projeto - além de não ser um ponto de chegada.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Manifesto dos Iguais.

  Um ótimo texto feito por Gracchus Babeuf, Marxista Francês, ao povo do seu país. Aproveitem!


''Povo da França!

Durante perto de vinte séculos viveste na escravidão e foste por isso demasiado infeliz. Mas desde há seis anos que respiras afanosamente na esperança da independência, da felicidade e da igualdade.

A igualdade! - primeira promessa da natureza, primeira necessidade do homem e elemento essencial de toda a legítima associação! Povo da França, tu não ficaste mais favorecido do que as outras nações que vegetam sobre esta mísera terra! Sempre e em qualquer lado, a pobre espécie humana, vítima de antropófagos mais ou menos astutos, foi joguete de todas as ambições, pasto de todas as tiranias. Sempre e em qualquer lado se adulou os homens com belas palavras, mas nunca e em lugar nenhum obtiveram eles aquilo que, através das palavras, lhes prometeram. Desde tempos imemoriais se vem repetindo hipocritamente: os homens são iguais. Mas desde há longo tempo que a desigualdade mais vil e mais monstruosa pesa insolentemente sobre o gênero humano.

Desde a própria existência da sociedade civil, o atributo mais belo do homem vem sendo reconhecido sem oposição, mas nem uma só vez pôde ver-se convertido em realidade: a igualdade nunca foi mais do que uma bela e estéril ficção da lei. E hoje, quando essa igualdade é exigida numa voz mais forte do que nunca, a resposta é esta: "Calai-vos, miseráveis! A igualdade não é realmente mais do que uma quimera; contentai-vos com a igualdade relativa: todos sois iguais em face da lei. Que quereis mais, miseráveis?" Que mais queremos? Legisladores, governantes, proprietários ricos; é agora a vossa vez de nos escutardes.

Todos somos iguais, não é verdade? Este é um princípio incontestável, porque ninguém poderá dizer seriamente, a não ser que esteja atacado de loucura, que é noite quando se vê que ainda é dia. Pois bem, o que pretendemos é viver e morrer iguais já que como iguais nascemos: queremos a igualdade efetiva ou a morte.

Não importa qual o preço, mas havemos de conquistar essa igualdade real. Ai daqueles que se interponham entre ela e nós! Ai de quem se oponha a um juramento formulado desta forma!

A Revolução Francesa não é mais do que a vanguarda de outra revolução maior e mais solene: a última revolução.

O povo passou por cima dos corpos do rei e dos poderosos coligados contra ele; e assim acontecerá com os novos tiranos, com os novos tartufos políticos sentados no lugar dos velhos.

De que mais precisamos além da igualdade de direitos?

Temos apenas necessidade dessa igualdade, da qual resulta a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: queremos vê-la entre nós, sob o teto das nossas casas. Estamos dispostos a tudo, a fazer tábua-rasa de tudo o mais, apenas para conservar a igualdade. Pereçam, se for necessário, todas as artes, desde que se mantenha de pé a igualdade real!

Legisladores e governantes, com tão pouco engenho como boa fé, proprietários ricos e sem coração, em vão tentais neutralizar a nossa sagrada missão dizendo: "Eles não fazem mais do que reproduzir aquela lei agrária exigida já por diversas vezes no passado".

Caluniadores, calai-vos pela vossa parte e, em silêncio de confissão, escutai as nossas pretensões, ditadas pela natureza e baseadas na justiça.

A lei agrária, ou a divisão da terra, foi aspiração momentânea de alguns soldados sem princípios, de algumas populações incitadas pelo seu instinto mais do que pela razão. Nós temos algo de mais sublime e de mais eqüitativo: o bem comum, ou a comunidade de bens! Nós reclamamos, nós queremos desfrutar coletivamente dos frutos da terra: esses frutos pertencem a todos.

Declaramos que, posteriormente, não poderemos permitir que a imensa maioria dos homens trabalhe e esteja ao serviço e ao mando de uma pequena minoria.

Há muito tempo já que menos de um milhão de indivíduos tem vindo a dispor de quanto pertence a mais de vinte milhões de semelhantes seus, de homens que são em tudo iguais a eles.

Devemos pôr termo a este grande escândalo, que os nossos netos não quererão acreditar possa ter existido! Devemos fazer desaparecer, finalmente, essas odiosas distinções de classes entre ricos e pobres, entre grandes e pequenos, entre senhores e servos, entre governantes e governados.

Que entre os homens não exista mais nenhuma diferença do que aquela que lhes é dada pela idade e pelo sexo. E, porque todos temos as mesmas necessidades e as mesmas faculdades, que exista, portanto, uma única educação para todos e um idêntico regime de alimentação. Toda a gente se sente satisfeita por dispor do sol e do mesmo ar que respira. Porque não há de acontecer o mesmo com a quantidade e a qualidade dos alimentos?

Mas é verdade que já os inimigos da ordem de coisas mais natural que imaginar se possa protestam e clamam contra nós.

Desorganizadores e facciosos, dizem-nos eles, vós só desejais que exista anarquia e massacre.

Povo da França!

Não desejamos perder tempo a responder a esses senhores, mas a ti dizemos-te: a sagrada tarefa em que estamos empenhados não tem outro objetivo que não seja pôr termo às lutas civis e à miséria pública.

Nunca foi concebido e posto em execução um plano mais vasto do que este. De vez em quando, alguns homens de talento, homens inteligentes, falaram em voz baixa e temerosa desse plano. Mas nenhum deles, claro, teve a coragem necessária para dizer toda a verdade.

Chegou a hora das grandes decisões. O mal encontra-se no seu ponto culminante, está a cobrir toda a face da terra. O caos, sob o nome de política, há já demasiados séculos que reina sobre ela. Que tudo volte, pois, a entrar na ordem exata e que cada coisa torne a ocupar o seu posto. Ao grito de igualdade, os elementos da justiça e da felicidade estão a organizar-se. Chegou o momento de fundar a República dos Iguais, este grande refúgio aberto a todos os homens. Chegaram os dias da restituição geral. Famílias sacrificadas, vinde todas sentar-vos à mesa comum posta para todos os vossos filhos.

Povo da França!

A ti estava, pois, reservada a mais esplendorosa de todas as glórias! Sim, tu serás o primeiro que oferecerá ao Mundo este comovedor espetáculo.

Os hábitos inveterados, os antigos preconceitos, farão novamente tudo para impedir a implantação da República dos Iguais. A organização da igualdade efetiva, a única que satisfaz todas as necessidades sem provocar vítimas, sem custar sacrifícios, talvez em princípio não agrade a todos. Os egoístas, os ambiciosos, rugirão de raiva. Os que conquistaram injustamente as suas possessões dirão que está a cometer-se uma injustiça em relação a eles. Os prazeres individuais, os prazeres solitários, as comodidades pessoais, serão motivo de grande pesar para os indivíduos que sempre se caracterizaram pela sua indiferença ante os sofrimentos do próximo. Os amantes do poder absoluto, os miseráveis partidários da autoridade arbitrária, baixarão pesarosos as suas soberbas cabeças perante o nível da igualdade real. A sua visão estreita dificilmente penetrará no próximo futuro da felicidade comum. Mas que podem fazer alguns milhares de descontentes contra uma massa de homens completamente satisfeitos de terem procurado durante tanto tempo uma felicidade que sempre tiveram à mão?

Logo que se verificar esta autêntica revolução, estes últimos, estupefatos, dirão uns aos outros: "Como custava tão pouco conseguir a felicidade comum! Era necessário apenas ter o desejo de alcançá-la. E por que não fizemos isso há mais tempo?" Será preciso repetir sempre uma e outra vez? Sim, sem dúvida, basta que sobre a terra um homem seja mais rico e mais poderoso do que os seus semelhantes, do que os seus iguais, para que o equilíbrio se quebre e o crime e a desgraça invadam o Mundo.

Povo da França!

Quais os sinais que nos permitem reconhecer as qualidades de uma Constituição? Aquela que se apóia integralmente sobre a igualdade é, na realidade, a única que te convém, a única que satisfaz as tuas aspirações.

As cartas aristocráticas dos anos 1791 e 1795, em vez de romper as tuas cadeias, vieram consolidá-las. A de 1793 supôs ser um grande passo no sentido da igualdade real, mas não conseguiu todavia esse objetivo e não apontou diretamente para a igualdade comum, embora consagrasse solenemente o grande princípio dessa igualdade.

Povo da França!

Abre os olhos e o coração para a plenitude da felicidade; reconhece e proclama conosco a República dos Iguais.''

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Carta aos jovens brasileiros.

  Aqui, um texto de quem é o meu preferido político atual, Plínio de Arruda Sampaio.



''Pediu-me um dos seguidores do meu twitter que escrevesse uma carta dirigida aos brasileiros jovens.

Não me sentiria autorizado a fazê-lo, se não estivesse recebendo tantas manifestações de apoio como tenho recebido desde a campanha eleitoral.

Propostas tão mal recebidas pelas pessoas maduras, foram acolhidas com entusiasmo pelos jovens e pelas pessoas idosas.

Curiosa esta fissura entre a juventude e a velhice e as pessoas que estão no comando do país. Demonstração evidente de que os dirigentes não o estão conduzindo corretamente e prenúncio de importantes modificações políticas.

O que posso dizer a vocês, jovens, em retribuição ao apoio que me têm dado?

Penso que devo apenas repetir o que falei nos debates: ninguém consegue ser feliz em uma sociedade tão desigual como a nossa.

A solução para essa desgraça é uma só: substituição do poder burguês pelo poder popular. Isto se chama: socialismo.

O jovem vive um período de formação.

Sua maior contribuição para o socialismo, nesse período, é o estudo da nossa realidade e da teoria marxista.

Estudo não quer dizer apenas leitura de livros. Exige igualmente experiência, ação, participação nos assuntos importantes da sociedade.

É isto que gostaria de pedir a vocês. Cuidem da sua formação intelectual, porque o Brasil precisa de gente preparada, mas cuidem igualmente da formação que se obtém na prática, na ação.

Coloco-me inteiramente à disposição da juventude brasileira, para colaborar na construção de uma sociedade igualitária, justa e democrática – uma sociedade socialista.

Vamos, juntos, revolucionar este país!''

domingo, 8 de janeiro de 2012

De Onde Vêm as Idéias Corretas?

  Mais uma citação. Dessa vez, do   "Grande Timoneiro", como era conhecido Mao Zedong na China.

''De onde vêm as idéias corretas? Caem do céu? Não. São inatas dos cérebros? Não. Só podem vir da prática social, dos três tipos de prática: a luta pela produção, a luta de classes e os experimentos científicos na sociedade. A existência é sócia do povo e determina seus pensamentos.

Uma vez dominados pelas massas, as idéias corretas, características da classe avançada, se converterá em uma força material para transformar a sociedade e o mundo.

Na prática social, a gente se enfrenta com todo tipo de lutas e extrai ricas experiências de seus êxitos e fracassos. Inumeráveis fenômenos da realidade objetiva se refletem nos cérebros das pessoas por meio dos órgãos e seus cinco sentidos, a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato.

Ao começar, o conhecimento é puramente sensitivo. Ao acumular-se este conhecimento o mesmo produzirá um salto e se converterá em conhecimento racional, em idéias. Este é o processo do conhecimento.

É a primeira etapa do processo de conhecimento em seu conjunto, a etapa que conduz da matéria objetiva à consciência subjetiva, da existência das idéias.

Nesta etapa, porém não se tem comprovado se a consciência e as idéias (incluindo teorias, políticas, planos e resoluções) reflitam corretamente as leis da realidade objetiva, como também não podem determinar se são justas.

Logo se apresenta a segunda etapa do processo de conhecimento, a etapa que conduz da consciência à matéria, das idéias à existência, isto é, aplicar na prática social o conhecimento obtido na primeira etapa para ver se essas teorias, políticas, planos e resoluções podem alcançar as conseqüências esperadas.

Falando em geral, os que derem bons resultados são adequados, e os que derem maus resultados são errôneos, especialmente na luta da humanidade contra a natureza.

Nas lutas sociais, as forças que representam a classe avançada às vezes tem algum fracasso, mas a causa não é de que suas idéias sejam incorretas, mas na verdade da correlação das forças em luta, as forças avançadas ainda não são tão poderosas naquele momento quanto as forças reacionárias, e conseqüentemente fracassam temporariamente, porém alcançam os êxitos previstos mais cedo ou mais tarde.

Depois das provas da prática, o conhecimento do povo realizará outro assalto, que é mais importante que o anterior. Porque só mediante o segundo salto poderá provar o que ocorreu de errado e certo no primeiro salto de conhecimento, isto é, das idéias, teorias, políticas, planos e resoluções formadas durante o curso da reflexão da realidade objetiva.

Não há outro método para comprovar a verdade. A única finalidade do proletariado e seu conhecimento do mundo são transformar o mesmo.

O pequeno só pode ganhar um conhecimento correto depois de muitas reiterações do processo que conduz da matéria à consciência e da consciência à matéria, quer dizer, quer dizer, da prática ao conhecimento e do conhecimento à prática.

Está é a teoria marxista do conhecimento, é a teoria materialista dialética do conhecimento.

Porém muitos dos nossos camaradas não compreendem está teoria do conhecimento.

Quando lhes é perguntado de onde extraem suas idéias, opiniões, políticas, métodos, planos, conclusões, eloqüentes discursos e longos artigos, consideram estranha a pergunta e não podem responder.

Encontramos freqüentemente incompreensíveis fenômenos de salto na vida cotidiana em que a matéria pode transformar-se em consciência e a consciência em matéria.

Por isso, é preciso educar nossos camaradas na teoria materialista dialética do conhecimento para que orientem corretamente seus pensamentos seja para investigar e estudar bem, seja para realizarem um balanço correto de suas experiências, para que superem suas dificuldades, cometam menos erros, trabalhem bem e lutem esforçadamente para converter a China numa grande potência socialista e ajudar as grandes massas dos povos oprimidos e explorados do mundo, cumprindo assim os grandes deveres internacionais que havemos de assumir.''

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Contradições principais do regime capitalista.

  Neste fim de semana não teve texto de outros marxistas, como combinado, devido à festa de ano novo. Então, deixo para vocês esse ótimo, e curto, texto de Nicolai Bukharine.

  ''Agora, é preciso indagar se a sociedade burguesa está bem construída. Uma coisa só é sólida e boa quando todas as suas partes se ajustam bem. Tomemos, para exemplo, um mecanismo de relógio: ele só funciona regularmente e sem parar, quando cada roda se adapta bem à roda vizinha, dente por dente. Consideremos, agora, a sociedade capitalista. Notamos, sem esforço, que ela não está solidamente construída, como parece, e que, pelo contrário, deixa transparecer grandes contradições e. apresenta graves fendas.

  Antes de tudo, no regime capitalista, não existe produção nem repartição organizadas das mercadorias; há anarquia da produção. Que significa isto? Significa que cada patrão capitalista (ou cada associação de capitalistas) produz as mercadorias independentemente dos outros. Não é a sociedade inteira quem calcula o que lhe é preciso, mas simplesmente os industriais que fazem fabricar, visando somente à realização do maior lucro possível e a derrota de seus concorrentes no mercado. Por isto, produzem-se, por vezes, mercadorias em excesso (trata-se, evidentemente, da situação anterior à guerra) e não se pode comercializá-las, desde que os operários não podem comprá-las, por falta de dinheiro. Então, sobrevém uma crise: as fábricas são fechadas, os operários postos no olho da rua.

  Ainda mais, a anarquia na produção arrasta consigo a luta pelo mercado; cada produtor quer retirar ao outro seus compradores, atraí-los para o seu lado, açambarcar o mercado. Esta luta assume diversas formas, múltiplos aspectos, começando pela luta entre dois fabricantes e acabando pela guerra mundial entre os Estados capitalistas para a partilha dos mercados do mundo inteiro. Não se trata mais, aí, apenas das partes integrantes da sociedade capitalista que se entrosam uma na outra, mas de um verdadeiro choque entre elas.''

domingo, 18 de dezembro de 2011

Exposição por rádio e televisão sobre a estatização do sistema bancário chileno

   Texto de:Salvador Allende





Povo do Chile, trabalhadores:


Eu não quero terminar este ano sem fazer um importante anúncio para o cumprimento de nossos planos econômicos e que se referem à nova política bancária e creditória.

Ante a consciência cidadã, nos comprometemos a lograr que o banco deixe de ser um instrumento ao serviço de uma minoria, para utilizar seus recursos em benefício de todo o país.

Pois bem, de acordo com as disposições legais, cabe ao Banco Central fixar o nível máximo das taxas de juros, para o primeiro trimestre de 1971.

O propósito do Governo Popular é que esta decisão seja acompanhada por um conjunto de outras medidas, para que ela tenha, efetivamente, o significado que querermos lhe dar.

Nossa determinação é a seguinte:
Desde o dia 1º de janeiro haverá uma redução substancial da taxa máxima de juros. A diminuição será, aproximadamente, de 25%, respectivo ao atual nível, para o segundo semestre do presente ano. Deste modo, o custo total máximo do crédito, incluindo impostos e comissões, se reduz de 44% a 21%.
Estabelecer-se-ão taxas substancias inferiores à máxima, para certas atividades econômicas e alguns setores empresariais.
Assim é como se verão favorecidos os pequenos industriais e artesãos, as centrais de compra, as cooperativas campesinas, as sociedades agrícolas de Reforma Agrária, os campesinos atendidos pelo Indap, os construtores de moradias econômicas e industrializadas, os exportadores, os empresários que operam linhas de crédito de acordo com o orçamento, os industriais que mantêm convênios com o Ministério da Economia para desenvolver produtos de consumo popular.
Assim, a taxa de juros se transforma em um efetivo instrumento de orientação para o desenvolvimento econômico e ao apoio de certos setores produtivos, particularmente, os pequenos e médios empresários.
Será impulsionada uma forte redistribuição de crédito, fazendo-o de maneira fácil e rapidamente acessível a setores que até agora foram deixados de lado pelas instituições bancárias.
Será impulsionada a sua descentralização, de modo que as regiões e províncias disponham de maiores recursos e de uma maior capacidade de decisão em sua própria região.

Convém ter em mente que, em 30 de setembro deste ano, setenta por cento do crédito se centralizava em Santiago.

Toda esta política, juntamente a atribuir ao banco o serviço de desenvolvimento nacional, tem como objetivo derrotar a inflação.

Gastos financeiros mais baixos significam, necessariamente, menores pressões inflacionárias.

Entretanto — e ouçam bem — a nosso juízo, para que esta política possa ser aplicar de forma efetiva, com toda sua amplitude e de maneira permanente, é preciso que o sistema bancário seja de propriedade estatal.

O banco sempre buscará uma forma de evitar o controle, quando a administração direta não está nas mãos do Governo.

Os fatos demonstraram que os controles indiretos que podem ser exercidos são ineficazes.

Assim sucedeu, por exemplo, a concentração do crédito. Em dezembro do ano passado, 1,3% dos devedores do sistema representavam 45,6% do crédito. Esta concentração só aumenta. A esta altura, era maior que em 1965. Igualmente, há razões fundadas para supor que nas últimas semanas a concentração de crédito aumentou como uma última tentativa de tirar o crédito dos bancos privados.

Isto acabou refletindo que clientes tradicionais destes bancos, encontraram as portas fechadas, o que está provocando fortes pressões sobre o Banco do Estado. Se não tomarmos a administração dos bancos para dar mais créditos aos pequenos e médios empresários, para impedir que os monopólios tomem conta, a baixa da taxa de juros seguirá favorecendo aos poucos privilegiados que sempre usufruíram dela. Igualmente, os controles indiretos mostraram-se ineficazes para prevenir operações ilegais, ou para descentralizar o crédito, ou para orientá-lo para o seu uso como instrumento executivo de planificação.

Somente estando os bancos nas mãos do povo, através do Governo que representa seus interesses, é possível cumprir com nossa política.

Face ao exposto, ficou resolvido que na próxima semana será enviado ao Congresso, um projeto de lei para estatizar o sistema bancário.

Não obstante esta decisão, o Governo quer oferecer outra alternativa, que além de acelerar o processo, representa uma boa opção para todos os acionistas, especialmente os pequenos. O Governo oferece a partir de segunda-feira, 11, até 31 de janeiro, comprar as ações de bancos privados. Esta opção se dará por intermédio do Banco do Estado, através de suas agências em todo o país e de acordo com as seguintes condições:
As ações serão avaliadas ao preço médio em que foram vendidas na Bolsa de Valores, durante o primeiro semestre do presente ano. Este procedimento é similar ao que adota para o pagamento do imposto patrimonial. É necessário ressaltar que o preço para as ações, considerado no projeto de Lei de Estatização Bancária, é inferior a este.
As opções de pagamento ofertadas são:
a) Os primeiros 10.000 escudos em ações valorizadas na maneira indicada, serão pagos a todos os portadores dos Certificados de Poupança Reajustáveis, que poderão ser liquidados no momento que desejarem;
b) Os possuidores de mais de 10.000 em ações bancárias receberão até 40.000 escudos, adicionais, em Certificados de Poupança Reajustáveis, que poderão ser liquidados depois de dois anos de efetuada a operação;
c) Os que têm em seu poder mais de 50.000 escudos em ações bancárias, será paga a parte excedente a esta quantidade no prazo de sete anos, com dois anos de graça, em cotas anuais reajustáveis, que terão taxa de juros de 5%.
Estas condições favorecerão os acionistas, especialmente os pequenos, tendo em conta que no projeto de lei para nacionalização do sistema Bancário, fixa-se um prazo para pagamento de quinze anos, em cotas não-reajustáveis, com 5% de juros ao ano.
Igualmente, o pagamento em títulos CAR é, para o pequeno acionista uma alternativa mais segura ainda, e mais rentável que as que tiveram até o momento com suas ações; agregando como complemento de seguridade, o respaldo que o Governo Popular dá a estas formas de poupança.
As instituições sem fins lucrativos terão tratamento especial.
Para os efeitos do pagamento, serão consideradas as últimas listas oficiais de acionistas, entregues pelos bancos a Superintendência.

A proposta do Governo é pela totalidade dos valores que tem cada acionista e não por parte de suas ações.

Sem prejuízo da proposta anterior, e com o intuito de zelar desde já pelos interesses do país, a Superintendência de Bancos designará inspetores em cada instituição.

Fazemos um chamado às autoridades bancárias para que, sem prejuízo do anteriormente exposto, voluntariamente deleguem desde já seus departamentos de recursos humanos que, para estes efeitos designará o Governo, evitando-se assim que, durante a discussão no Parlamento do projeto de lei que estatiza os bancos, ocorra o menor indício de instabilidade do sistema financeiro.

Os conceitos anteriores têm uma exceção: os bancos estrangeiros que gozam de um status jurídico especial Com estes se buscará um entendimento direto, baseado nos interesses do país, tendo em consideração seus direitos.

Todas as medidas anteriores garantirão os depósitos. Os depositantes podem estar seguros que os organismos do governo prevenirão e sancionarão severamente qualquer intenção de lesionar sua integridade.

Eu quero deixar para o final algumas palavras dirigidas aos trabalhadores dos bancos.

Ao adotar estas disposições, o Governo tem em conta e valoriza a posição assumida por estes em seu último congresso, em que se pronunciaram favoráveis à estatização dos bancos privados.

O Governo conta com o apoio e a participação ativa de vocês para cumprir este objetivo.

Ao mesmo tempo, atenderemos suas aspirações legítimas, reclamadas há muitos aos e que são relativas à:
Carreira bancária por mérito e antiguidade, para chegar, com uma nivelação paulatina, a uma carreira única, com o fim de facilitar a especialização bancária.
Possibilidade de estudos e aperfeiçoamento para todos os empregados, com ênfase na preparação para tarefas de mecanização bancária e de comércio exterior.
Redistribuição das remunerações, favorecendo os níveis inferiores.
Eliminação de privilégios tais como diferenças na alimentação, uso de veículos, etc.
Supressão de imposições tão humilhantes e retrocessas às pessoas, como por exemplo: obrigação de solicitar permissão para casar-se, término de contrato para mulheres que se casam, exigência de recomendação ou aval para ser contratado, etc.
Entrega dos campos esportivos a imobiliárias que sejam de propriedade dos sindicatos, que por sua vez deverão delegar sua própria administração em seus próprios clubes.
Estudo de uma política habitacional especial para os companheiros bancários, tendo em conta o volume de propriedades que possuem suas instituições.


Tudo isto se complementa com o compromisso, já anunciado, de que o Governo respeitará as conquistas dos trabalhadores bancários.

Ademais, a baixa taxa de juros não afetará os rendimentos deles, uma vez que se incorporarão, ao fim, às gestões de suas próprias empresas.

Esperamos que os profissionais bancários sejam um exemplo para todos os trabalhadores do país. Servir em empresas que pertencem a todo o povo não deve ser somente um privilégio, mas também uma responsabilidade.

Isto é o que queria lhes informar.

Muito obrigado.

Postado por:Lucas Rodrigues da Silva 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Por que os marxistas se opõem ao terrorismo individual(Léon Trótsky)

Nossos inimigos de classe têm o costume de queixar-se de nosso terrorismo. Eles gostariam de por o rótulo de terrorismo a todas as ações do proletariado dirigidas contra os interesses do inimigo de classe. Para eles, o método principal de terrorismo é a greve. A ameaça de uma greve, a organização de piquetes de greve, o boicote econômico a um patrão super explorador, o boicote moral a um traidor de nossas próprias filas: tudo isso e muito mais é qualificado de terrorismo. Se por terrorismo se entende qualquer coisa que atemorize o prejudique o inimigo, então a luta de classes não é outra coisa senão terrorismo. E o único que resta considerar é se os políticos burgueses têm o direito de proclamar sua indignação moral acerca do terrorismo proletário, quando todo seu aparato estatal, com suas leis, polícia e exército não é senão um instrumento do terror capitalista.


No entanto, devemos assinalar que quando nos jogam na cara o terrorismo, tratam, ainda que nem sempre de forma consciente, de dar-lhe a esta palavra uma sentido mais estrito, menos indireto. Por exemplo, a destruição das máquinas por parte dos trabalhadores é terrorismo neste sentido estrito do termo. A morte de um patrão, a ameaça de incendiar uma fábrica ou matar o seu dono, o atentado a mão armada contra um ministro: todos estes são atos terroristas no sentido estrito do termo. Não obstante, qualquer um que conheça a verdadeira natureza da social-democracia internacional deve saber que ela tem se colocado em oposição da maneira mais irreconciliável a esta classe de terrorismo.


Por que? O "terror" mediante a ameaça ou a ação grevista é patrimônio dos operários industriais ou agrícolas. O significado social de uma greve depende, em primeiro lugar, do tamanho da empresa ou ramo da indústria afetada; em segundo lugar, do grau de organização, disciplina e disposição para a ação dos operários que participam. Isto é certo tanto em uma greve econômica ou política. Segue sendo o método de luta que surge diretamente do lugar que na sociedade moderna ocupa o proletariado no processo de produção.


Para desenvolver-se, o sistema capitalista requer uma superestrutura parlamentar. Porém ao não poder confinar o proletariado em um gueto político, deve permitir cedo ou tarde, sua participação no parlamento. Nas eleições se expressa o caráter de massa do proletariado e seu nível de desenvolvimento político, qualidades determinadas por seu papel social, sobretudo por seu papel na produção.


Do mesmo modo que numa greve, nas eleições o método, objetivos e resultado da luta dependem do papel social e da força do proletariado como classe. Somente os operários podem fazer greve. Os artesãos arruinados pela fábrica, os camponeses cuja água envenena a fábrica, os lumpen-proletários em busca de um bom botim, podem destruir as máquinas, incendiar a fábrica ou assassinar o dono.


Somente a classe operária consciente e organizada pode enviar uma forte representação ao parlamento para cuidar dos interesses proletários. No entanto, para assassinar a um funcionário do governo não é necessário contar com as massas organizadas. A receita para fabricar explosivos é acessível a todo o mundo, e qualquer um pode conseguir uma pistola.


No primeiro caso, há uma luta social, cujos métodos e vias se desprendem da natureza da ordem social imperante; no segundo, uma reação puramente mecânica que é idêntica em todo o mundo, desde a China até a França: assassinatos, explosões, etc., porém totalmente inócua em relação ao sistema social.


Uma greve, inclusive uma modesta, tem conseqüências sociais: fortalecimento da auto-confiança dos operários, crescimento do sindicato, e, com não pouca freqüência, uma melhora na tecnologia produtiva. O assassinato do dono da fábrica provoca apenas efeitos policiais, ou uma troca de proprietário desprovida de toda significação social.


Para que um atentado terrorista, mesmo um que obtenha "êxito", crie confusão na classe dominante, depende da situação política concreta. Seja como for, a confusão terá vida curta; o estado capitalista não se baseia em ministros de estado e não é eliminado com o desaparecimento deles. As classes a que servem sempre encontrarão pessoas para substituí-los; o mecanismo permanece intacto e em funcionamento.


Todavia, a desordem que produz um atentado terrorista nas filas da classe operária é muito mais profunda. Se para alcançar os objetivos basta armar-se com uma pistola, para que serve esforçar-se na luta de classes? Se um pouco de pólvora e um pedaço de chumbo bastam para perfurar a cabeça de um inimigo, que necessidade há de organizar a classe? Se tem sentido aterrorizar os altos funcionários com o ruído das explosões, que necessidade há de um partido? Para que fazer passeatas, agitação de massas, eleições, se é tão fácil alvejar um ministro desde a galeria do parlamento?


Para nós o terror individual é inadmissível precisamente porque apequena o papel das massas em sua própria consciência, as faz aceitar sua impotência e volta seus olhos e esperanças para o grande vingador e libertador que algum dia virá cumprir sua missão.


Os profetas anarquistas da "propaganda pelos fatos" podem falar até pelos cotovelos sobre a influência estimulante que exercem os atos terroristas sobre as massas. As considerações teóricas e a experiência política demonstram o contrário. Quanto mais "efetivos" forem os atos terroristas, quanto maior for seu impacto, quanto mais se concentra a atenção das massas sobre eles, mais se reduz o interesse das massas por eles , mais se reduz o interesse das massas em organizar-se e educar-se.


Porém a fumaça da explosão se dissipa, o pânico desaparece, um sucessor ocupa o lugar do ministro assassinado, a vida volta à sua velha rotina, a roda da exploração capitalista gira como antes: só a repressão policial se torna mais selvagem e aberta. O resultado é que o lugar das esperanças renovadas e da excitação artificialmente provocada vem a ser ocupado pela desilusão e a apatia.


Os esforços da reação para por fim às greves e ao movimento operário de massas tem culminado, geralmente, sempre e em todas as partes, no fracasso. A sociedade capitalista necessita um proletariado ativo, móvel e inteligente; não pode, portanto, ter o proletariado com os pés e mão atados por muito tempo. Por outro lado, a "propaganda pelos fatos" dos anarquistas tem demonstrado cada vez mais que o estado é muito mais rico em meios de destruição física e repressão mecânica que todos os grupos terroristas juntos.


Se assim é, o que acontece com a revolução? Fica negada ou impossibilitada? De maneira nenhuma. A revolução não é uma simples soma de meios mecânicos. A revolução somente pode surgir da intensificação da luta de classes, sua vitória e garantida somente pela função social do proletariado. A greve política de massas, a insurreição armada, a conquista do poder estatal; tudo está determinado pelo grau de desenvolvimento da produção, a alienação das forças de classe, o peso social do proletariado e, por último, pela composição social do exército, posto que são as forças armadas o fator que decide o problema do poder no momento da revolução.


A social-democracia é bastante realista para não desconhecer a revolução que está surgindo das circunstâncias históricas atuais; pelo contrário, vai ao encontro da revolução com os olhos bem abertos. Porém, diferentemente dos anarquistas e em luta aberta com eles, a social-democracia rechaça todos os métodos e meios cujo objetivo seja forçar o desenvolvimento da sociedade artificialmente e substituir a insuficiente força revolucionária do proletariado com preparações químicas.


Antes de elevar-se à categoria de método para a luta política, o terrorismo faz sua aparição sob a forma de ato individual de vingança. Assim foi na Rússia, pátria do terrorismo. O açoitamento dos presos políticos levaram Vera Zasulich a expressar o sentimento de indignação geral com um atentado contra o general Trepov. Seu exemplo repercutiu entre a intelectualidade revolucionária, desprovidas do apoio das massas. O que começou como um ato de vingança perpetrado em forma inconsciente foi elevado a todo um sistema em 1879-1881. As ondas de atentados anarquistas na Europa Ocidental e América do Norte sempre se produzem depois de alguma atrocidade cometida pelo governo: fuzilamentos de grevistas ou execuções de opositores políticos. A fonte psicológica mais importante do terrorismo é sempre o sentimento de vingança que busca uma válvula de escape.


Não há necessidade de insistir que a social-democracia nada tem a ver com esses moralistas a soldo, que, em resposta a qualquer ato terrorista, falam somente do "valor absoluto" da vida humana. São os mesmos que em outras ocasiões, em nome de outros valores absolutos, por exemplo, a honra nacional ou o prestígio do monarca estão dispostos a levar milhões de pessoas ao inferno da guerra. Hoje, seu herói nacional é o ministro que dá a ordem de abrir fogo contra os operários desarmados, em nome do sagrado direito à propriedade privada; amanhã, quando a mão desesperada do operário desempregado cerre o punho ou se apodere de uma arma, falarão sandices sobre o inadmissível que é a violência em qualquer de suas formas.


Digam o que digam os eunucos e fariseus morais, o sentimento de vingança tem seus direitos. Fala muito bem a favor da moral da classe operária a não contemplação indiferente do que ocorre neste, o melhor dos mundos possíveis. Não extinguir o insatisfeito desejo proletário de vingança, mas, pelo contrário, avivá-lo uma e outra vez, aprofundá-lo, dirigi-lo contra a verdadeira causa da injustiça e a baixeza humanas: essa é a tarefa da social-democracia.


Nos opomos aos atentados terroristas porque a vingança individual não nos satisfaz. A conta que nos deve pagar o sistema capitalista é demasiado elevada para ser apresentada a um funcionário chamado ministro. Aprender a considerar os crimes contra a humanidade, todas as humilhações a que se vêem submetidos o corpo e o espírito humanos como excrescências e expressões do sistema social imperante, para empenhar todas nossas energias em uma luta coletiva contra este sistema: essa é a causa na qual o ardente desejo de vingança pode encontrar sua maior satisfação moral






Postado por:Lucas Rodrigues da Silva


Fonte:http://www.marxists.org

terça-feira, 29 de novembro de 2011

''Só sei que nada sei'' ?

  Há muitas versões diferentes para o significado que essa frase assumiria na vida de Sócrates, ao dizê-la. Uma das versões mais creditadas é a de que ele assumiria a ignorância absoluta, levando em conta a contradição que é a frase por assim dizer. Pois, de acordo com esta, a única coisa que estaria dentro da ciência de Sócrates, é que de nada ele sabe. Sendo assim, ignorante para as coisas do mundo.

  Outra é que o filósofo, dentro do conhecimento que possuía, concluiu que todas as coisas que poderiam ser aprendidas, eram demais, que tudo que ela sabia, era pouco, era o ''nada'', de ''tudo'' que poderia ser aprendido. Sendo assim, Sócrates se coloca na posição de eterno aprendiz, quando todo o conhecimento do mundo ultrapassa nossos limites.

  Como a filosofia ensina os métodos para cada um de nós achar respostas diferentes para as questões, o que Sócrates disse é variável. E, por mais que achemos as respostas de todas as questões, nunca saberemos se as respostas são corretas ou incorretas. Quando mais se sabe, sabe-se que não conhece nada.

  Esses não são completamente o meu ponto de vista sobre o assunto. Pelo que eu sei sobre a vida de Sócrates, ele procurou o restante da informação com outros. Por exemplo, antes de ser condenado à morte, Sócrates, para se defender das acusações de Meleto, procurou outros filósofos, poetas e artistas para que tivesse ajuda em formular suas defesas. Tendo em vista o duplo sentido da palavra ''só'', que pode significar ''somente'' ou ''sozinho'', ele haveria dito que: Sozinho, não se sabe nada. Ou seja, na nossa vida, dependemos de outras pessoas, outras opiniões, outras ciências... Caso contrário seremos absolutamente ignorantes.


Por: Uriel Dias de Oliveira

sábado, 12 de novembro de 2011

Os preceitos de Descartes.

  Durante o difícil desenvolvimento do livro Discurso do Método, Descartes criou alguns preceitos para os homem bem conduzirem a sua razão.
  A razão que, segundo ele, está presente em todos os homens. As divergências surgem dentre os homens que conduzem bem a sua razão e os que conduzem mal a sua razão. Que possibilita a ele chegar rápido, ou não, a uma verdade (mutável).
  Descartes usou destes preceitos para se libertar das opiniões exteriores e escrever o Discurso com somente suas opiniões. Segue os 4 preceitos:

1º : Nunca receber coisa alguma como verdadeira, desde que não se evidenciasse como tal. Isto é, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção e não aceitar senão aqueles juízos que se apresentassem clara e distintamente ao seu espírito, se modo a não ser possível a dúvida a respeitos deles. 
2º : Dividir as dificuldades que teria que examinar em tantas parcelas quantas pudessem ser e fossem exigidas para melhor compreendê-las.
3º :  Conduzir por ordem os seus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesma certa ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros. 
4º :  Fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais que pudesse estar seguro de nada haver omitido. 

  Como dito, são estes os quatro preceitos que René Descartes usou para escrever sua principal obra. Podem ser vistas como um exemplo de como se conduzir bem a sua razão (ou Bom Senso) ou até mesmo, podem ser vistas como os princípios atuais da ciência, levando em conta que desconsidera qualquer ato de acreditar sem as devidas provas apresentadas e conclusões tiradas.
 
  Segundo algumas pessoas, foram esses os preceitos que levaram Descartes a tentar, incessantemente, a existência de Deus e da Alma. Nessas tentativas que ele subestimou-se e errou em não considerar outras coisas menores perante a sua visão de Deus, que seriam o mundo e a humanidade, como dito no terceiro preceito.
 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Uma Carta Á Juventude

De: Leon Trotsky 



"Um partido revolucionário deve necessariamente basear-se na juventude. Inclusive, podemos dizer que o caráter revolucionário de um partido pode ser julgado pela sua capacidade de atrair para suas bandeiras a juventude da classe operária.

O atributo básico da juventude socialista e tenho em mente a juventude genuína e não os velhos de 20 anos reside na disposição de entregar-se total e completamente à causa da socialista. Sem sacrifícios heróicos, valor, decisão a história em geral não se move para frente. Porém o sacrifício somente não é o suficiente. É necessário ter uma clara compreensão do curso dos acontecimentos e dos métodos apropriados para a ação. Isso somente pode ser obtido por meio da teoria e da experiência vivida.

O mais contagiante entusiasmo rapidamente esfria-se ou evapora se não encontra uma clara compreensão das leis do desenvolvimento histórico. Freqüentemente, observamos como os jovens entusiastas, ao dar uma cabeçada na parede convertem-se em sábios oportunistas; como ultraesquerdistas desenganados passam em curto tempo a ser burocratas conservadores, assim como pessoas fora da lei se corrigem e se convertem em excelentes policiais. Adquirir conhecimento e experiencia e ao mesmo tempo não dissipar o espirito lutador, o auto-sacrificio revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da auto-educação da juventude revolucionária.''

Fonte: Marxists.Org

Por: Uriel Dias de Oliveira