terça-feira, 29 de novembro de 2011

''Só sei que nada sei'' ?

  Há muitas versões diferentes para o significado que essa frase assumiria na vida de Sócrates, ao dizê-la. Uma das versões mais creditadas é a de que ele assumiria a ignorância absoluta, levando em conta a contradição que é a frase por assim dizer. Pois, de acordo com esta, a única coisa que estaria dentro da ciência de Sócrates, é que de nada ele sabe. Sendo assim, ignorante para as coisas do mundo.

  Outra é que o filósofo, dentro do conhecimento que possuía, concluiu que todas as coisas que poderiam ser aprendidas, eram demais, que tudo que ela sabia, era pouco, era o ''nada'', de ''tudo'' que poderia ser aprendido. Sendo assim, Sócrates se coloca na posição de eterno aprendiz, quando todo o conhecimento do mundo ultrapassa nossos limites.

  Como a filosofia ensina os métodos para cada um de nós achar respostas diferentes para as questões, o que Sócrates disse é variável. E, por mais que achemos as respostas de todas as questões, nunca saberemos se as respostas são corretas ou incorretas. Quando mais se sabe, sabe-se que não conhece nada.

  Esses não são completamente o meu ponto de vista sobre o assunto. Pelo que eu sei sobre a vida de Sócrates, ele procurou o restante da informação com outros. Por exemplo, antes de ser condenado à morte, Sócrates, para se defender das acusações de Meleto, procurou outros filósofos, poetas e artistas para que tivesse ajuda em formular suas defesas. Tendo em vista o duplo sentido da palavra ''só'', que pode significar ''somente'' ou ''sozinho'', ele haveria dito que: Sozinho, não se sabe nada. Ou seja, na nossa vida, dependemos de outras pessoas, outras opiniões, outras ciências... Caso contrário seremos absolutamente ignorantes.


Por: Uriel Dias de Oliveira

sábado, 26 de novembro de 2011

Do AI-5 ao surgimento da guerrilha.

  Era difícil viver sob a ditadura militar. Claro, sem exageros, não havia um tanque passando na rua de minuto em minuto e nem sempre tinha um militar sondando as escolas e universidades procurando por subversivos. A vida podia ser levada normal, se você levasse uma vida egoísta. Você comia, trabalhava, ia ao médico... Isso se você fosse classe média. Os pobres só se ferravam. Passavam fome, eram oprimidos, esculachados...

  Mesmo com a boa vida da classe média, haviam os jovens que acreditavam que não se podia ser feliz em uma ditadura. Para eles, era impossível andar por aí sabendo que havia gente sendo torturada, presa, passando meses longe das famílias e conhecidos, sendo morta e a família não estava ciente nem onde o corpo teria sido enterrado. Era claramente impossível, e esse sentimento de amor ao próximo que motivou os jovens a começarem a contestação da ditadura.

  No começo, não era tão perigoso. Poucos eram capturados, passeatas eram aos montes. Claro que isso não agradou nada aos militares e civis que estavam no poder. Para eles, era necessário acabar com a manifestação contrária ao regime. Como? Repressão brutal e violenta. Decretou-se o AI-5 (Ato Inconstitucional Institucional número 5). Foi considerado ''o golpe dentro do golpe'', por fazer a ditadura muito mais dura.

  O AI-5 permitiu, basicamente, aos militares:
1- Fechar o Congresso Nacional por tempo indeterminado.
2- Suspender direitos políticos.
3- Suspender garantias legais.
Isso significa que, se alguns deputados ou senadores atrapalhasse as ações do regime, o Congresso poderia ser fechado. Se um deputado exagerasse na oposição, teria seus poderes políticos cassados, como foi o caso do deputado Lysâneas Maciel(MDB). A polícia podia invadir a casa das pessoas sem autorização judicial. Isso mesmo, quando quisessem. Presos políticos eram levados à lugares que não possuíam contato nem com amigos nem com familiares, onde eram torturados e mortos, e muitos corpos ainda não foram encontrados até hoje.

  Nenhuma espécie de oposição ou crítica poderia ser feita ao regime. Nem passeata, nem pichação. A maioria das passeatas acabaram porque não se tinha subversivos dispostos a serem baleados. Nas ruas, nas escolas, nas faculdades, todo mundo desconfiava de todo mundo. E se a pessoa ao lado fosse do SNI(Serviço Nacional de Informações) ? Então, como se podia lutar contra esse regime opressor?

  Os corajosos, esperançosos e sonhadores jovens pegaram as armas e foram à luta. Baseavam-se na guerrilha rural de Chê Guevara e Fidél Castro, que libertou Cuba do imperialismo. O problema principal da guerrilha era: como ter a base de uma guerrilha rural, se a maioria dos brasileiros vivem nas cidades?

  Para eles, jovens esquerdistas, a guerrilha parecia o melhor jeito de levar a esquerda ao poder durantes os tempos da ditadura. Por exemplo, a máquina bélica militar dos Estados Unidos estavam sendo derrotados por alguns camponeses guerrilheiros do Vietnã. A guerrilha de Mao-Tsé-Tung... A maioria dos grupos de guerrilha brasileiros surgiu em 1968, durante o governo do general Médici.

  Alguns exemplos de grupos são: VPR(Vanguarda Popular Revolucionária), ALN (Aliança Libertadora Nacional), VAR-Palma (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro). E muitos outros. Outro erro da guerrilha foi esse, eram grupos demais com propostas diferentes.  E, de certo modo, eram todos comunistas, ou seja, seguiam as ideias políticas, econômicas e sociais de Marx, Engels e Lênin. Seus heróis guerrilheiros eram Chê e Mao.

  Mas, por mais incrível que pareça, nem todo comunista foi a favor da luta armada. Como o PCB, liderado por Luís Carlos Prestes. Os comunas ''oficiais'' não acreditavam que a guerrilha seria bem-sucedida. A maioria deles propunham apoiar o MDB na oposição ao regime, de modo pacífico. E depois vem com aquelas falácias contra os comunistas...

  O que os guerrilheiros faziam? Claro que não tinham armas à toa. Confrontos com a polícia eram aos montes, e difícil determinar quem vencia o embate, Guerrilheiros ou Policiais? E quanto à aceitação popular? Enquanto os guerrilheiros assaltavam mercados, colocavam os alimentos no caminhão, e os distribuíam na favela, os policiais invadiam casas e oprimiam pensadores. De que lado dessa guerra você ficaria?



Por: Uriel Dias de Oliveira

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Pulseira do equilíbrio - Mentira.

  Há um tempo atrás eu vi na mídia a propagando de uma pulseira que prometia ''dar equilíbrio'' à quem usasse. Eu achei muito difícil mas, não entrei em méritos maiores sobre a pulseira aliás, do jeito que anda a tecnologia, fazer uma pulseira que ajude no equilíbrio está, no mínimo, difícil, não impossível. O nome da tal pulseira é ''Power Balance'', febre entre a moçada mais nova do Brasil.

  O mais engraçado é como o pessoal que usava acreditou mesmo que a pulseira favorecesse o equilíbrio. E o quanto de divulgação tinha isso, também... Vários artistas fizeram propaganda da pulseira, atletas de nome internacional como Shaquille O'Neill e Kobe Bryant. E as pessoas, levadas por uma moda e por uma manipulação da empresa de bens de consumo, chegaram a gastar mais de 100 reais por uma pulseira original dessas.

  Tudo é só uma prova do quanto a população é alienada. Uma pulseira que entrou na moda, mesmo sendo mentira, e os negos pagando 100 reais para ter uma original. Estão pagando pela marca, que provavelmente, usa do trabalho escravo para fabricar as pulseiras.

  Claro que a propaganda mentirosa não fico impune. A empresa disse que não tinha prova científica nenhuma para o equilíbrio que a pulseira dava. Vale lembrar que as pessoas acreditavam, mesmo assim. Claro que a empresa não saiu impune do caso. Aliás, propaganda enganosa é um crime grave e a empresa foi  multada por uma associação de proteção aos consumidores dos E.U.A. e pode, assim, chegar à falência. Isso em países como EUA e Austrália, os lesados serão reembolsados.

  No Brasil, claro, os lesados não serão reembolsados. Pagaram 100 reais para seguir uma moda falsa e mentirosa. Mas a publicidade dos efeitos terapêuticos está proibida desde 3 de setembro por ordem da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

domingo, 20 de novembro de 2011

O Comunismo Marxista.

  O filósofo alemão Karl Marx foi o responsável pelas mais concretas e desenvolvidas críticas ao capitalismo. Marx propôs, também, um outro sistema que recebe o nome de comunismo mas, está dividido em duas etapas: Primeiro, o socialismo e após, o comunismo concreto. Que são caracterizados por: meios de produção socializados, a inexistência da sociedade dividida em classes, a economia planificada e controlada pelo Estado. Sistema onde há liberdade de expressão e igualdade entre todos os indivíduos. É uma doutrina, ou uma ideologia. Possui propostas sociais, econômicas e políticas.

  Mas, para o sistema comunista entrar em vigor é necessário a total erradicação do capitalismo, por serem dois sistema opostos. O capitalismo, sistema do capital, é a causa de todas as desigualdades e de toda miséria que alastra o nosso planeta. Nele há classes mais valorizadas, como o empresariado ou a burguesia, que oprimem, manipulam, e reprimem as classes mais baixas, como os trabalhadores urbanos e rurais ou o assalariado.

  Marx diz que, na sociedade capitalista, há o antagonismo entre as classes. De acordo com ele, o antagonismo vem desde vários séculos atrás, antes mesmo da origem do capitalismo, e se estende até hoje. A única coisa que mudou foi o nome das classes, a relação Opressor x Oprimidos continua a de sempre. Por exemplo, as classes feudais e a pirâmide social daquele tempo. O Rei é o grande opressor, o clero é o que manipula e defende o rei, os militares são os bonecos do rei usados para a repressão e os camponeses são os que sustentam toda a pirâmide, são os oprimidos, injustiçados, roubados, manipulados, e são a maioria! Não vou discutir o sistema feudal, passemos então para o capitalismo do século XVIII. Os governantes, que possuem o poder político, e controlam as nações. A burguesia, dona do poder econômico e influência muito na área política, a classe dos luxos e das riquezas. E, enfim, o assalariado, a classe que trabalha para sustentar tudo e que é, assim como os camponeses no feudalismo, a maioria.

  Do antagonismo entre as classes tiramos a lição de que há, desde muito tempo, poucas pessoas possuindo muito, e muitas pessoas com nada na mão. O comunismo propõe uma situação inversa, onde não há desigualdades, não há classes, e portanto não há riqueza ou pobreza extremada. Todos são, no possível, iguais.




Por: Uriel Dias de Oliveira

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Planeta de uma juventude.

  Quem espera, e possui, mais do planeta, se não os jovens?
Estes que passaram pouco tempo na Terra, e muito mais hão de passar. São, pois, estes os que devem mais agir para a preservação da Terra, lugar onde passarão o resto de sua não-tão-curta vida.

  E são eles que concentram toda a vontade, e energia, de viver. Contudo, não existe vida sem preservação. Conservar-se-á a terra, dentro na consciência juvenil, e percepções, deles, não tão corretas, de certo ou de errado.

  Mas, não só a eles pertence a mãe-terra, livre e comum, todos apropriam-se dela, pois todos devem trabalhar em conjunto. Mas, o que os que não são jovens têm a oferecer a causa da preservação?

  Seus exemplos! Todos mundo já foi jovem um dia. Todo mundo já lutou por alguma coisa, nem que seja por um único dia. Porém, há os jovens da geração passada, que não se empenharam na preservação mas, dentro da sua vontade de evoluir e fora das chaminés industriais , só fizeram foi causar impactos na natureza. Que a mocidade não aprenda com eles!

  É, portanto, com exemplo e experiências da já passada juventude, geração coca-cola, que a atual deve formar sua consciência de preservação ambiental, para um futuro bom para si, seu semelhante, e seu próximo.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

As propostas do projeto Vênus

   O projeto Vênus é uma organização criada por Jacque Fresco e Roxane Meadows que tem como objetivo mostrar ao mundo uma alternativa para a resolução dos problemas sociais através de uma economia baseada em recursos.

   O projeto Vênus visa acabar com a escassez de recursos,através do fim do sistema monetário. .A natureza nos dá tudo que queremos de graça e não precisamos de dar um valor aos recursos oferecidos pela mesma,segundo o projeto.Por exemplo,se você se perder numa ilha que tenha dinheiro de sobra,mas não tiver os recursos necessários a vida humana o dinheiro não adiantará de nada.Mas se essa ilha não tiver dinheiro mas os recursos necessários a vida humana,você conseguirá viver sem muitos problemas.

   Segundo o projeto Vênus,já temos tecnologia o suficiente para produzir em abundância todos os bens de consumo necessários a população terrestre.O problema é a distribuição desses bens de consumo,que em um sistema baseado no lucro é impossível chegar a todas as pessoas,pois quem tem mais dinheiro sempre obterá mais do que quem tem menos.Para resolver esse problema seriam criados os centros de acesso,onde qualquer pessoa poderia obter o que quisesse sem pagar nada ou se endividar.

   Na sociedade baseada em recursos a ciência e a tecnologia seriam usadas para o bem de todos os habitantes da Terra e não para uma empresa se manter competitiva diante do mercado capitalista.

   Nessa sociedade não haveriam mais leis e,consequentemente,não haveriam mais policiais nem exércitos.Os ativistas do projeto dizem que as leis são uma forma de a humanidade não resolver os verdadeiros problemas,empurrando-os para "debaixo do tapete".Por exemplo,não adianta mandar as UPPs para as comunidades carentes enquanto os problemas educacionais no Brasil não estiverem resolvidos,segundo o projeto.

  Em uma sociedade baseada em recursos a grande maioria dos trabalhos exercidos por seres humanos seriam extintos por não serem mais necessários a sociedade(banqueiros administradores de empresas,oficiais do exércitos,advogados).O trabalho bruto que é feito pelo proletariado seria exercido por máquinas e cada pessoa poderia trabalhar apenas naquilo que gosta, o que traria o potencial máximo nas capacidades de cada  ser humano.

  Nessa sociedade também não haveria mais nações,apenas uma chamada Terra.Todos poderiam desfrutar dos recursos oferecidos pelo planeta sem distinção de etnia,nacionalidade(pois esse conceito seria eliminado numa sociedade sem países) ou qualquer outro tipo de preconceito.

  A sociedade sugerida pelo projeto seria anárquica e a política seria extinta,pois não haveria mais necessidades de se formular leis.As pessoas não cometeriam mais crimes,pois 90% dos crimes não teriam mais motivos para serem cometidos com o fim do sistema monetário e os outros seriam resolvidos usando a razão e o estudo para combatê-los,segundo o projeto.

   Na sociedade baseada em recursos,antes de qualquer projeto ser colocado em prática seriam pensados os efeitos que poderiam ser causados a natureza,diferente dos produtos disponíveis hoje no mercado que são feitos para estragarem rápido e virarem lixo poluente,segundo o projeto.Todas as ações sociais seriam pensadas em conjunto com a natureza.Por exemplo,não haveriam mais carros movidos a gasolina,mas movidos a eletricidade.As usinas hidrelétricas e termelétricas seriam abolidas e as energias solar,eólica e muitos outros tipos formariam as fontes padrão de energia.

   O projeto Vênus se encontra como uma alternativa ao capitalismo em crise.Muito semelhante,porém diferente do comunismo,está muito popular entre a juventude revolucionária e cada vez mais ganha fama.Com idéias a favor do desenvolvimento sustentável e fim do sistema monetário,é um dos principais projetos do século XXI contra o capitalismo.

 

Obs:Para saber mais acesse

  http://movimentozeitgeist.com.br/
 http://www.thevenusproject.com/




Por:Lucas Rodrigues

sábado, 12 de novembro de 2011

Os preceitos de Descartes.

  Durante o difícil desenvolvimento do livro Discurso do Método, Descartes criou alguns preceitos para os homem bem conduzirem a sua razão.
  A razão que, segundo ele, está presente em todos os homens. As divergências surgem dentre os homens que conduzem bem a sua razão e os que conduzem mal a sua razão. Que possibilita a ele chegar rápido, ou não, a uma verdade (mutável).
  Descartes usou destes preceitos para se libertar das opiniões exteriores e escrever o Discurso com somente suas opiniões. Segue os 4 preceitos:

1º : Nunca receber coisa alguma como verdadeira, desde que não se evidenciasse como tal. Isto é, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção e não aceitar senão aqueles juízos que se apresentassem clara e distintamente ao seu espírito, se modo a não ser possível a dúvida a respeitos deles. 
2º : Dividir as dificuldades que teria que examinar em tantas parcelas quantas pudessem ser e fossem exigidas para melhor compreendê-las.
3º :  Conduzir por ordem os seus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesma certa ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros. 
4º :  Fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais que pudesse estar seguro de nada haver omitido. 

  Como dito, são estes os quatro preceitos que René Descartes usou para escrever sua principal obra. Podem ser vistas como um exemplo de como se conduzir bem a sua razão (ou Bom Senso) ou até mesmo, podem ser vistas como os princípios atuais da ciência, levando em conta que desconsidera qualquer ato de acreditar sem as devidas provas apresentadas e conclusões tiradas.
 
  Segundo algumas pessoas, foram esses os preceitos que levaram Descartes a tentar, incessantemente, a existência de Deus e da Alma. Nessas tentativas que ele subestimou-se e errou em não considerar outras coisas menores perante a sua visão de Deus, que seriam o mundo e a humanidade, como dito no terceiro preceito.
 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Igualdade de gênero.



Feminismo ou movimento feminista é uma luta pela equidade entre os gêneros, uma vez que as mulheres sempre foram tidas como inferiores, ou submissas pela sociedade. Com certeza, até mesmo nos tempos mais longínquos, nem todas as mulheres aceitavam essa situação de inferioridade. Mas só nos últimos tempos esse movimento tem tomado força e garantido diversos direitos às mulheres, tanto no direito ao voto quanto paridade nos salários e cargos, entre outros.

Devemos entender as causas disso. Para isso, faremos uma breve linha do tempo. Lá na Idade Antiga, as mulheres espartanas tinham até mais valor que as atenienses, mas, mesmo assim, era um valor sempre ligado à reprodução (as mulheres espartanas eram as responsáveis por gerar guerreiros). Na Idade Média, com o domínio da Igreja, veio a história da submissão da mulher. Vê-se pela formação da palavra feminina, que, em sua raiz, significa “Fé mínima”, pois nos tempos medievais as mulheres eram consideradas pessoas de fé menor, em uma sociedade extremamente religiosa. Então, a religião européia veio, séculos depois, para o Brasil, que adquiriu os mesmos costumes, recebendo os vômitos da cultura européia, incluindo as idéias com relação à mulher, como apenas alguém que cuidasse da casa, da educação dos filhos, enquanto o homem mandava em todas as questões políticas, sociais e econômicas.

O próprio Machado de Assis denunciava essa situação, demonstrando o quanto a mulher burguesa era alienada à situação real do país, preocupada apenas com suas atividades culturais num contexto de diversos movimentos sociais em relação aos escravos e outras questões. No trecho de “Dom Casmurro” ele satiriza a ‘importância’ das atividades da mulher: “A leitora, que é minha amiga e abriu este livro com o fim de descansar da cavatina de ontem para a valsa de hoje, quer fechá-lo às pressas, ao ver que beiramos um abismo.”

Não podemos esquecer que, ao falar de feminismo, uma das primeiras mulheres que lembramos é de Joana D’Arc. Após a Revolução Francesa (1789), reavivaram as lembranças dessa camponesa que lutou na guerra dos 100 anos, no século XIV.

A questão aqui é que, mesmo após tantos direitos, há aqueles que, com a mente retrógrada feudalista (lembrando que uso aqui o termo feudalismo me referindo à Idade Média, apesar de que feudalismo é modo de produção, e não um período determinado), criticam as feministas, acham que o fato de a mulher querer lutar pelos seus direitos é frescura ou algo parecido. É lamentável que uma mudança plena de mentalidade não ocorra em toda sociedade.



Por: @euadadepressao

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Mundo virtual, Planeta da Juventude.

   A inserção dos jovens no mundo virtual, que ocorre cada vez mais cedo, como qualquer outra coisa, tem suas consequências negativas e positivas, tanto para o próprio jovem quando para a sociedade e o grupo familiar ao redor. Mas, até quando essas influências são ruins? E até onde elas são boas?

   Está claro que a facilidade do acesso à informação vem facilitando esse processo - A informação chega mais rápido aos jovens, que são mais ligados ao mundo virtual. A internet deixou o mundo mais pequeno, qualquer coisa que ocorra lá no Oriente Médio - como o caso da Líbia - além de ser divulgado pela televisão, pode-se sempre procurar uma segunda versão na web.

   Nessa onda vem vários movimentos e passeatas que são, inicialmente, marcadas pelo mundo virtual. Como os exemplos do Oriente Médio, iniciados pelo facebook, ou como outras passeatas, até mesmo no Brasil.

   A internet vem sendo um meio de combater a alienação presente na sociedade atual, comodista, e vem sendo um dos piores inimigos dos conservadores. A internet veio para mudar a vida, e para melhor. Graças a ela, o mundo já não é mais como era antes. Hoje em dia, temos adultos com argumentos de crianças, e crianças com argumentos de adultos. O senso crítico cresceu. E, infelizmente, o crescimento da acomodação foi proporcional.

   À ela foram dados títulos não muito verdadeiros. É como os jogos violentos e a pornografia: Só está aí para quem quer, não adianta culpar a internet pela megalomania de cada um.

   Com ela, os contato entre as culturas aumentou as fronteiras. Pessoas do Brasil podem conversar com pessoas da Alemanha que podem conversar com pessoas do Japão que podem conversar com (poucas) pessoas da África. Vem aproximando as culturas.

 

Por: Uriel Dias de Oliveira

domingo, 6 de novembro de 2011

O eterno embate: Positivistas x Marxistas e os paradoxos do progresso.

Desde o surgimento da sociologia, por volta do século XIX, em um contexto de Revolução Industrial, o homem voltou seu olhar para a análise dos avanços dos meios de produção e sua relação com a sociedade. Augusto Comte, através da ótica positivista, trabalhou com o tema “Ordem e Progresso” (que, aliás, encontra-se na bandeira brasileira), avaliando que a manutenção da ordem é essencial para o progresso, e este é fundamental para o desenvolvimento da sociedade, em constante evolução, encontrando antagonistas, como Marx (nosso grande, eterno e admirável Marx) que discute as controvérsias encontradas na sociedade, a respeito do progresso.

Marx disse que a sociedade vive em constante luta de classes (é até meio clichê dizer isso, mas tem gente que ainda não sabe né), havendo uma relação de explorador e explorado, sempre um levando vantagem sobre o outro, e o dito “progresso” se dá através disso. Apenas a elite usufrui esses avanços na área de produção, enquanto as classes inferiores eram (e até hoje são) exploradas, e o proletariado, dia após dia, trabalha sabendo que pode ser substituído pelo grupo, chamado por nosso amado Karl) de “reserva”, ou desempregados.

Além disso, como conseqüência desse progresso, surge a Indústria Cultural de Massa (analisada por Adorno e outros estudiosos) com a criação dos produtos obsoletos, ou seja, de curta duração, a fim de incentivar cada vez mais a dinâmica do comércio, ditando regras e hábitos considerados “na moda” , a fim de que os consumidores se sintam no dever de comprar produtos relacionados a isso, sem haver a reflexão de que, para essa produção em massa, há conseqüências ambientais, como a destruição de ecossistemas, alterando a harmonia na natureza, por exemplo.

Portanto, o progresso, que é indispensável à vida humana, segundo os positivistas, acaba gerando diversas conseqüências naturais e sociais de cunho negativo, causando esses paradoxos ao se analisar isso.



Por: @euadadepressao



sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Manifesto da ocupação na USP-Butantã

   Como todos sabem há alguns dias a polícia tem reprimido violentamente os  estudantes da USP,no discurso de que estariam garantindo a segurança na Universidade.Aqui vai um manifesto escrito pelos estudantes mostrando a outra versão. 



                               Manifesto da ocupação na USP-Butantã 

   Nós, estudantes da USP, organizados no movimento de ocupação e com apoio dos trabalhadores, lançamos este manifesto a fim de nos posicionarmos frente à sociedade sobre o que vem ocorrendo na Universidade de São Paulo.
   Há uma política repressora que tem avançado contra aqueles que lutam por uma Universidade pública. As ações da reitoria da USP para aprofundar o processo de privatização tem se intensificado – o que se produz dentro da universidade cumpre, cada vez mais, o propósito de atender aos interesses do mercado em detrimento dos interesses de toda população. Com o objetivo de desmontar o caráter público da USP, a reitoria vem tomando medidas para eliminar as forças de resistência na Universidade. Mais de 26 estudantes, além de vários trabalhadores e professores, estão sendo processados por se manifestarem politicamente, através de processos administrativos que visam a eliminação e demissão da Universidade, e processos criminais que visam a prisão.
   Com a justificativa de garantir a segurança, o reitor da USP instaurou, por meio de um convênio, a presença da polícia militar no campus. Com o avanço das perseguições políticas fica evidente que o real objetivo da polícia militar na USP não é o de inibir crimes, mas sim de inibir e combater manifestações políticas e cercear o direito de expressão livre de estudantes e trabalhadores. Num contexto de crise sistêmica do capitalismo, se evidencia, em todo o mundo, o papel da polícia como aparelho armado de repressão aos movimentos sociais que resistem ao avanço da desigualdade e ataques a direitos históricos da população. Na Grécia, durante os protestos contra as políticas de austeridade, os manifestantes têm sido duramente reprimidos. Em Londres e em Madri a situação é muito semelhante. No Chile, um milhão de estudantes vão às ruas exigindo uma educação pública e gratuita, e a violência contra manifestantes é igualmente dura.
   No Brasil, os conflitos em 2009 em Paraisópolis, a repressão cotidiana das UPPs aos moradores dos morros cariocas, e as violências policiais contra ambulantes em luta no centro de São Paulo indicam o mesmo sentido da atual militarização da USP: a repressão policial são ataques àqueles que lutam por seus direitos elementares. E essa repressão, destaque-se, é mendaz: a própria ONU, entidade legitimadora do imperialismo, reconhece a polícia brasileira como sendo a que mais mata no mundo.
   No dia 08/09/2011, o Reitor João Grandino Rodas, sustentado institucionalmente por um Conselho Gestor antidemocrático (apenas 30 % dos membros representam trabalhadores e estudantes juntos), assinou um convênio com a Polícia Militar. Para mascarar os reais propósitos do convênio Rodas-PM, a reitoria da USP se utilizou de maneira oportunista da morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, que ocorreu dentro do campus. O que foi omitido é que no dia do assassinato a PM já estava agindo na universidade – inclusive fazendo blitz em frente ao local da ocorrência. Nos últimos dias, para legitimar as violências ocorridas na USP sem explicitar seu caráter político, também se utilizaram de maneira oportunista do mote do “combate as drogas” para, assim, justificar todo clima de medo que têm promovido dentro da Universidade diariamente. Nos morros do Rio e em todas as periferias brasileiras, a repressão possui a mesma faceta: se utilizam de argumentos como o combate ao tráfico de drogas para atacar as liberdades mais elementares de todo o povo pobre.
   O que a mídia não denuncia é que a polícia que enquadra estudantes na USP por porte de maconha é a mesma policia que age com o narcotráfico, recebendo o lucro das vendas com uma mão enquanto reprime com a outra. O que a mídia omite é que a polícia que invade casas na favela e atira em mulheres e crianças com a justificativa de prender traficantes é a mesma polícia que é sócia do tráfico. Isso expressa a hipocrisia de combater o narcotráfico nas universidades e nas favelas, pois os verdadeiros promotores e beneficiados desse mercado, um dos mais lucrativos do mundo, são as industrias farmacêuticas, a polícia, as clínicas privadas, entre outros.
   Essa repressão tem avançado, pois a lei vigente que supostamente descriminaliza o porte de maconha só funciona como uma cortina de fumaça, erguida pelo sistema para dificultar o aprofundamento do debate sobre a legalização da maconha e para criminalizar a pobreza, movimentos sociais e ativistas políticos.
   A atuação da PM em nosso Campus na última quinta feira (27/10) foi apenas mais um de uma série de episódios de acuação de estudantes e servidores da USP pela PM. Na semana passada estudantes da Escola Politécnica foram abordados dentro de seus Centros Acadêmicos. Na Escola de Comunicação e Arte (ECA) um estudante foi revistado pela polícia com a justificativa, no mínimo estranha, de “olhar feio” aos policiais. Nos últimos meses, não foram poucas as averiguações dentro dos Centros Acadêmicos, o que não impediu um roubo no Centro Acadêmico da ECA, apenas uma semana após a revista da PM no local. No dia que culminou com esta ocupação, professores e estudantes foram abordados e revistados em frente à biblioteca da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH). E nessa mesma faculdade, horas mais tarde, três alunos foram detidos por políciais da ROCAM. Ao tentarem impedir a detenção desses colegas, deliberadamente defendida pela diretora Sandra Nitrini, centenas de estudantes foram atacados com bombas de efeito moral, gás lacrimogênio, spray de pimenta, cacetetes e balas de borracha. Vários estudantes foram feridos. Respondemos como pudemos – ou seja, correndo e arremessando paus e pedras.
   O discurso da reitoria tentou justificar a intervenção policial utilizando de maneira oportunista o assassinato de Felipe Ramos Paiva. Outros casos, entretanto, não foram igualmente veiculados pela mídia e pela reitoria – e isso não foi por acaso. Um desses casos foi o da morte do estudante Samuel de Souza, morador do Conjunto Residencial da USP (CRUSP). Ele era negro, pobre, baiano e estudava Filosofia. Samuel morreu dentro da USP por negligência médica da reitoria em relação a uma política de saúde nos campi da USP. Também houve a morte de Cícera, funcionária da lanchonete da Pedagogia, assassinada na favela São Remo, decorrente de uma “bala perdida” disparada pela Polícia. A hipocrisia do discurso da reitoria, que diz combater a violência, fica claro quando sua própria política de precarização foi responsável pela morte do trabalhador terceirizado de limpeza, José Ferreira, em decorrência de um acidente de trabalho.
   Tais relatos nos impõe o questionamento: ao que se presta, de fato, a presença policial na USP?
   O objetivo real da presença policial é garantir a execução de um projeto de universidade, ostensivamente defendido pelo Reitor João Grandino Rodas. Esse projeto político busca submeter a Universidade aos interesses de empresas e fundações privadas, cujo único objetivo é a maximização de seus próprios lucros: e é por isso que as pesquisas sem viés mercadológico são cada vez mais raras na Universidade. A estrutura que sustenta tal projeto é referendada apenas por um pequeno grupo de pessoas, imerso em relações políticas bastante duvidosas com grandes empresas, fundações e o próprio governo do estado de São Paulo. Com a diminuição da verba para trabalhadores efetivos, o aumento da contratação de terceirizados, e sem garantias de contratação de professores e reposição dos aposentados, a universidade que já é fechada para a maioria da população, em especial pobres e negros, se torna ainda mais exclusiva, elitista e mercadológica sob a administração de Rodas, levada a cabo com a mão repressora da Polícia Cívil e Militar.
   Simultaneamente à repressão policial, que ocorre tanto na USP quanto fora dela, a reitoria tenta extinguir os espaços políticos e culturais de organização dos estudantes, como o Núcleo de Consciência Negra, que foi fundado há 23 anos na USP e até o momento não foi legitimado pela universidade, sofrendo com ameaças de demolição do barracão onde desenvolve suas atividades. O CANIL - Espaço Fluxus de Cultura, um dos poucos espaços culturais estudantis da USP-Butantã, sofreu uma tentativa de demolição, que foi barrada pelo conjunto de estudantes. A Moradia Retomada, ocupada devido ao déficit de vagas no CRUSP, continua ameaçada por um mandato de reintegração de posse solicitado pelo Reitor. E o espaço do DCE Ocupado, após reforma, seria re-inaugurado não mais como um espaço autônomo, mas como “Centro de Vivência da Reitoria” – o que foi impedido pelos estudantes. A reitoria tenta silenciar todos os movimentos de resistência da Universidade com uma avalanche de processos. Os processos administrativos baseiam-se no Decreto 52.906, de 1972, Regime Disciplinar instituído sob a égide da Ditadura Militar, que vigora no estatuto da USP como “disposição transitória” há algumas décadas. Segundo este decreto, são considerados atos de “indisciplina” de estudantes, trabalhadores e professores, passíveis da punição, expressa no artigo 248, inciso IV, de “eliminação”, as seguintes práticas: artigo 250 inciso VIII - “promover manifestação ou propaganda de caráter político-partidário, racial ou religioso, bem como incitar, promover ou apoiar ausências coletivas aos trabalhos escolares (greves)” ; inciso IV -“praticar ato atentatório à moral ou aos bons costumes”; inciso II “ (...)afixar cartazes fora dos locais a eles destinados”. As acusações que baseiam os processos tratam ações políticas legítimas como desvios de comportamento e são, ou questionáveis, ou deturpadas. Alguns dos processos foram abertos com base apenas em Boletins de Ocorrência que apresentam, como de praxe, uma versão unilateral dos fatos. No caso dos processos criminais, coloca-se a ameaça de prisão de pessoas com base em acusações forjadas pela Consultoria Jurídica da reitoria para levar a cabo sua perseguição política. As testemunhas em favor da reitoria geralmente são membros das chefias, das guardas ou outros que, tendo vínculos empregatícios com o denunciante, têm seu testemunho enviesado. Esta é uma das maneiras de se produzir as provas falsas. É no mínimo estranho que tenha sido criada, por exemplo, uma delegacia especial para tratar da repressão às ações políticas dos trabalhadores. Lembrando que em 2009 um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP foi demitido por lutar contra a precarização e terceirização na universidade.  A reitoria tenta hoje preparar terreno para avançar rapidamente com as punições contra estudantes, trabalhadores e professores dissidentes da ordem privatista que vem sendo estabelecida. Por isso decidimos cobrir os rostos: pela real ameaça de represália política - e não porque somos ou nos sentimos criminosos. Por esses motivos, somos contrários aos processos contra estudantes e trabalhadores e pela revogação completa destes decretos e processos criminais e administrativos! Somos pela revogação imediata do Convênio entre a PM e a USP! FORA PM!

   Manteremos nossa ocupação até que todas as nossas reivindicações sejam
atendidas.


Fonte:http://www.brasildefato.com.br/


Por:Lucas Rodrigues

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Em nome das Cotas.

  Entenda o porquê de existirem argumentos contra o sistema de cotas.
  Em primeiro lugar,ser contra o sistema de cotas é fácil. É fácil porque, não conhecendo a fundo os dados, não fica difícil dizer que o país está sendo racista e chamando o negro de “burro” ao colocar cotas para ele. Veja bem, quem começou a discutir sobre o sistema de cotas foi o Movimento Negro da década de 80, que reivindicava cotas nas Universidades e ministérios públicos. Eles estariam se chamando de burros?

  Então você poderia me dizer que eles mesmos estariam se inferiorizando. Outro equívoco. Erro mais crasso ainda é dizer que só porque são negros, querem levar vantagens por causa da cor de sua pele. Você me pergunta o por quê. Eu te respondo com uma simples frase: Argumentar que a medida do sistema de cotas é racista e só deteriora a imagem de igualdade social é acreditar no mito da democracia racial no Brasil. O que é esse mito? Talvez muitos não conheçam sua origem, mas usam as idéias desse mito inconscientemente. Esse mito veio contemporâneo à política de supremacia branca nos Estados Unidos da América, com a Lei de Jim Crow que vigorou até meados da década de 60, proibindo o casamento inter-racial, além de proibir negros em transportes públicos, e ter a separação de escolas para brancos e negros (Por mais fútil que pareça, o seriado “Everybody Hates Chris” mostra toda essa realidade) –Lembrando que não foi o Apartheid, pois este ocorreu na África do Sul, no final da década de 40. O mito da democracia racial no Brasil veio a partir da comparação feita entre a situação racial brasileira e a situação estadunidense, que, enquanto esta tinha duas raças completamente separadas, aquela tinha toda uma miscigenação, denotando certa característica democrática, ou seja, sem problemas raciais no Brasil. Acontece que há várias falhas nessa fala (até porque, se não houvesse, não se chamaria mito). Primeiro: Miscigenar é sinônimo de democratizar? Os corajosos que ainda ousam apoiar essa tese dizem que pode não ser sinônimo de democratizar, mas pelo menos não havia leis racistas como nos Estados Unidos. Tudo bem, mas o racismo mesmo assim imperou e impera no Brasil, por mais que a sociedade tape os olhos sobre isso. Como assim? Olhe só, direi um dos fatores,senão o principal, de ter ocorrido a miscigenação: Senhores brancos que, se achando superiores, forçavam suas escravas à prática sexual, gerando filhos mestiços e, segundo a lei, sem pai.(eis aí o motivo de haver  brancos pobres na atualidade). Veja que para comprovar também há o fato de não ter sido comum um casal de homem negro e mulher branca. Será que essa miscigenação então foi no intuito de enriquecer uma cultura?

  Não, eu não estou fugindo do assunto central, as cotas. Veja que está tudo inteiramente interligado. A partir do momento em que você tem em sua concepção que implantar um sistema de cotas é dar vantagem a alguém só pela cor da pele, você parte do princípio que no Brasil não há dívidas sócio-coloniais , e que ambos(negros e brancos) começaram suas jornadas em pé de igualdade, desconsiderando que os negros só conseguiram sua liberdade há 123 anos.

  Sendo assim, as cotas seriam uma política de ação afirmativa, emergencial. Para explicar, temos o trecho retirado da fala do Ministro do STF, Joaquim Barbosa, em 2001:“Uma política de ação afirmativa tem como objetivo corrigir os efeitos presentes da discriminação praticada no passado, tendo por objetivo a concretização do ideal de efetiva igualdade de acesso a bens fundamentais como educação e emprego. As políticas de ação afirmativa significam uma mudança de postura, de concepção e de estratégia do Estado, da universidade e do mercado de trabalho, os quais, em nome do discurso da igualdade para todos, usualmente aplicam políticas e estabelecem critérios de seleção, ignorando a importância de fatores como sexo, raça e cor. Ao reivindicá-las, o movimento negro  e os demais defensores das ações afirmativas não estão discordando do princípio do direito universal, mas sim enfatizando que, numa sociedade com tamanha  desigualdade social e racial, ele não é suficiente para atender os grupos sociais e étnicos com histórico de exclusão e discriminação racial. Estamos, então, lutando pelo reconhecimento da diferença,  uma luta pela eqüidade, pela implementação de políticas universais, sim, mas que caminhem lado a lado com políticas de ação  afirmativa para a população negra.

  Voltando ao assunto dos pobres e brancos. Cotas sociais existem. Existe cota para quem estuda em escola pública. Aí você me pergunta: Então se já tem cotas para escola pública, para que os negros tem uma cota a mais? Será que por que, segundo o relatório de Desenvolvimento Humano de 2005 declarou-se que para cada um negro que fica pobre, 11 brancos saem da pobreza? Será que não tem nada a ver com isso? Será que é por que em 2001 apenas 2% dos negros entraram em Universidades públicas? Cotas para pobres, tanto negros como brancos já existem. Mas não é suficiente para vencer as diferenças histórico-raciais que os negros sofreram. É uma questão de direito e proporcionalidade. Há de fato muito mais pobres negros do que brancos. Há o preconceito embutido quanto à raça. E enquanto essa mentalidade não mudar completamente, ações afirmativas como as cotas são mais do que necessárias.



Por: @euadadepressao

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Falando de 64.

  O que eu gosto de chamar de ''Período Negro'' da história do Brasil, que foi o Regime (ou Ditadura) Militar de 64, perdurou até o ano de 1985, quando entrou em crise. Como o nome diz, começou no ano de 1964.

  Na época do Regime, que começou com Castello Branco, os presidentes não eram escolhidos por votos democráticos e tão pouco eram presidentes de verdade. Tendo em vista que um presidente só pode ser eleito por meios democráticos, como o voto. Na verdade, eram generais escolhidos por uma junta de comandantes das Forças Armadas. E como se a ausência do voto já não fosse um ato extremamente anti-democrático, o governo perseguia quem fazia oposição a ele. Isso inclui os ''Comunistas Subversivos''. Foi a época em que o Brasil bateu recorde de Mortos/Presos/Desaparecidos Políticos. O que é típico da falta de liberdade e de democracia que ocorre nas ditaduras.

  Mas, isso não significava que só os militares mandavam no país. Havia muita influência dos civis. Claro que não era qualquer civil. No principal, os governadores de estado (também não eram eleitos pelo povo), os ministros e assessores. Eram todos civis. Mas, esses são os civis que apoiaram o golpe militar, na maioria participavam politicamente da antiga UDN e do PSD. Claro que os grades empresários também influenciavam nas decisões: Industriais, banqueiros, fazendeiros e executivos de multinacionais.

  Como eu disse, Castello Branco foi o primeiro ''presidente''. Claro que só foi porque era o líder do Golpe de Estado. E, com qualquer ditadura, o primeiro a se fazer foi tirar seus ''inimigos políticos'' da área de influência. Elaborou, então, uma lista de intelectuais que teriam seus direitos políticos abolidos. O primeiro da lista foi o líder revolucionário Luís Carlos Prestes mas, a lista também contava com nomes marcantes como João Goulart, Leonel Brizola, e JK. Quem não aceitou, e foi subversivo, ao Regime perdeu seu emprego e seus direitos de cidadão. Sindicatos foram invadidos pela polícia. Ligas Camponesas proibidas. Camponeses, estudantes, jornalistas, operários, professores foram presos por motivos políticos, muitas vezes acabavam mortos. Professores com ideias de esquerda foram demitidos das faculdades públicas, e muitos foram mortos na sala de aula, de frente aos alunos. A imprensa fora censurada, só se podia elogiar o governo. Nenhum grande empresário, banqueiro ou latifundiário foi espancado em uma delegacia. Estava claro quem a ditadura favorecia.

  Durante a ditadura houve uma falha tentativa de ''ajustar'' a economia. O plano, desastroso, fazia o preço aumentar mais que o salário. A lógica era de acordo a isso: Quando os salários aumentam, os empresários procuram compensar a despesa (são eles que pagam os salários) aumentando os preços; ora, se fizermos uma lei obrigando a conceder aumentos menores que a inflação, automaticamente os preços subirão menos. Desse modo, a inflação caiu, mas os salários dos trabalhadores também.

  Durante a ditadura foi imposta a Constituição de 1967, que foi elaborada por Castello Branco, e ''aprovada'' pelo Congresso. Seu corpo era composto por todas as medidas autoritárias tomadas desde o primeiro dia de golpe. Dizia que o presidente da República, os governadores dos estados e os prefeitos das capitais passavam a ser ''eleitos'' indiretamente. Na prática, esse ''indiretamente'' significava que não eram eleitos mas, sim, nomeados. Ninguém escolhia seu governante, aceitava-se um nome imposto pelos militares!

  Os partidos foram todos extintos. Não existia mais PSD, nem PT e muito menos o PCB. Só poderiam existir legalmente dois Partidos: Arena e MDB.  O primeiro, era a Aliança Renovadora Nacional. O Partido que apoiava a ditadura. O segundo, o Movimento Democrático Brasileiro (que gerou o PMDB), era o Partido que se opunha, mesmo que timidamente, à ditadura. Como diz a piada: ''O Arena é o Partido do sim, o MDB é o Partido do sim senhor''.

  A ditaDURA é uma assunto muito longo, que será completado amanhã, se gostou, aguarde o próximo post.




Por: Uriel Dias de Oliveira