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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Mais sobre a distribuição no comunismo.

  O modelo comunista de produção é antagônico ao modelo capitalista. No primeiro, há produtos, os quais não serão vendidos, comprados ou trocados. No último, existem os produtos, que se tornam mercadoria depois de vendidos. Você deve estar se perguntando: o que acontece com os produtos no comunismo?
  
  Como dito, os produtos não serão trocados uns pelos outros, nem vendidos e comprados. A produção não é feita para o mercado, e sim para as necessidades. Portanto, os produtos devem ser destinados a pequenos armazéns comunais e, de lá, serão entregues a quem precisa deles.

  Desse modo, o dinheiro não faz falta. Mas temos a necessidade da organização dessa distribuição - caso contrário, um tomará mais e outro tomará menos. Tal organização só será necessária, talvez, nos primeiros quinze anos da sociedade comunista. Depois de determinado tempo, tudo isso será desnecessário, pois é esperada das pessoas a plena consciência, tal que só tomem para si o que é altamente necessário e, pensando no bem comum, deixem o demais para os outros. E ninguém pensará em vender o supérfluo, já que se pode pegar o necessário nos armazéns.

  Tudo será abundante e teremos o necessário para todos. Desde que todos se empenhem, juntamente, em trabalhar para a sociedade, tiramos do trabalho o bem-viver de toda uma nação. E, na ausência de riqueza, também não se presenciará a pobreza. Primeiramente, os produtos, por um curto período de tempo, serão distribuídos de acordo com o trabalho feito, para depois serem distribuídos de acordo com a necessidade geral dos membros da comunidade.

  Mas há um dilema: se pegarmos todo o produzido e distribuirmos, a produção permanecerá sempre a mesma, sem melhora. Ficará estagnada. Portanto, parte da produção servirá para o aperfeiçoamento da própria produção.

  Concluímos que, em princípio, os produtos serão distribuídos de acordo com a escala de trabalho, para que, mais tarde, sejam distribuídos de acordo com a necessidade. Mas sempre terá de se retirar um pouco que prestará para a própria produção. E será necessária sempre a organização, para que um não tome mais que o outro.

Por: Uriel Dias de Oliveira 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Sobre a economia básica no comunismo.

  Examinamos agora, mais de perto, o que seria uma sociedade comunista em seus fundamentos.

  O fundamento principal da sociedade comunista é a disposição igualitária de todos os meios, sejam os meios de troca ou meios de produção, que servem em completo à toda sociedade, e não à um único grupo burguês, que possui a propriedade privada. Mas, o que devemos entender como ''toda sociedade'' ?

  Bem, como explicado, a sociedade comunista não possui classes, portanto, significa todas as pessoas que pertencem ao regime. Desse modo, a sociedade se transforma em uma imensa e forte comunidade fraternal e igualitária, de modo que não exista a dispersão da população, e por muito menos a anarquia, tanto de produção, quanto de distribuição. Considerando, só o regime comunista pode organizar de maneira correta a produção.

  No regime, não haverá o antagonismo entre as classes, já que não haverá mais a ''eterna luta entra as classes'', considerando que as fábricas e meios de produção não pertencerão ao patrão mas, à toda a população no regime. Sendo assim, cada setor da economia é uma seção que compõe uma grande oficina popular, que representa toda a economia geral.

  Claro que a organização da economia necessita de um programa geral de produção. Se todas as fábricas pertencem à mesma associação, é necessário a organização na partilha da força de trabalho nos diferentes ramos da associação, a decisão de quais produtos fabricar e em qual quantidade, como e onde dirigir as forças técnicas, e assim em diante. Tudo deve ser calculado previamente, e tudo feito conforme o calculado.

  Se não é feito como calculado, sem cálculo exato, e sem organização, torna-se uma anarquia. E, no regime comunista, existe esse plano para evitar a anarquia de produção e de distribuição. Tudo é distribuído, e produzido, como o planejado.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O fim do capitalismo e a base do comunismo.

  Sabemos que o regime capitalista precisa acabar. E, encontramos dois motivos para o fim dele, que são as suas duas contradições principais. Uma delas é a anarquia de produção, que gera concorrência, crises e guerras. A outra, é um caráter inevitável dentro deste regime, a luta entre as classes: dominantes e dominadas. O capitalismo é como uma máquina. Caótica, em que as suas peças não encaixam perfeitamente, o que produz as falhas.

  Com a queda da sociedade capitalista, necessitaríamos de um novo regime. Há várias correntes ideológicas que tratam disso. E, assim, são vários também os regimes propostos. Nós, como comunistas, devemos considerar que a melhor opção é comunismo. E uma sociedade comunista não pode ser fundamentada nos mesmo erros da antiga sociedade capitalista.

  Para conseguirmos ignorar as contradições da antiga sociedade, devemos ter, como base do comunismo, as seguintes características para a sociedade:
1- Deve ter a produção organizada. Para que não seja um anarquia de produção, que gera crises e guerras.
2- Não será uma sociedade dividida em classes. E deverá ser organizada na sua distribuição de recursos, para que ocorra igualmente à todos, e todos tenham os mesmos lucros.

  Uma sociedade assim possui toda a igualdade e fraternidade para durar muitas eras, pois não teremos as mesmas contradições do capitalismo. Contradições que poderiam levar à sua queda, e, consequentemente, seu fim.


Por: Uriel Dias de Oliveira

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Controle Operário.

Texto de Antonio Gramsci.

  Para os comunistas, pôr o problema do controle significa pôr o maior problema do atual período histórico, significa pôr o problema do poder operário sobre os meios de produção e, por conseguinte, o problema da conquista do Estado.

  Deste ponto de vista, a apresentação de um projeto de lei, sua aprovação e sua execução no âmbito do Estado burguês são eventos de importância secundária: o poder operário tem e só pode ter sua razão de ser (e de se impor no interior da classe operária) na capacidade política da classe operária, na potência real que a classe operária possui como fator indispensável e ineliminável da produção e como organização de força política.

  Toda lei sobre isso que emane do poder burguês tem um único significado e um único valor: significa que realmente, e não só verbalmente, o terreno da luta de classes mudou, na medida em que a burguesia é obrigada, neste novo terreno, a fazer concessões e a criar novos institutos jurídicos; e tem o valor demonstrativo real de uma debilidade orgânica de classe dominante.

  Admitir que o poder de iniciativa possa sofrer limitações, que a autocracia industrial possa se tornar"democracia", ainda que formal, significa admitir que a burguesia está agora efetivamente alijada de sua posição histórica de classe dominante, que a burguesia é efetivamente incapaz de garantir às massas populares as condições de existência e de desenvolvimento.

  Para se livrar de pelo menos uma parcela de suas responsabilidades, para criar um álibi para si mesma, a burguesia se deixa"controlar", finge deixar-se tutelar.


  Certamente seria muito útil, para os objetivos da conservação burguesa, que um avalista como o proletariado assumisse diante das grandes massas populares a tarefa de testemunhar que ninguém deve ser culpabilizado pela atual ruína da economia burguesa, mas que é dever de todos sofrer pacientemente, trabalhar com tenacidade, esperando que as atuais fraturas sejam soldadas e que um novo edifício seja construído sobre as atuais ruínas.

  O terreno do controle, portanto, aparece como o terreno no qual burguesia e proletariado lutam para conquistar para conquista a posição de classe dirigente das grandes classes populares.

  O terreno do controle, portanto, aparece como o fundamento sobre o qual a classe operária - tendo conquistado a confiança e o consentimento das grandes massas populares - constrói o seu Estado, organiza as instituições do seu governo, chamado para integrá-lo todas as classes oprimidas e exploradas, e inicia o trabalho positivo de organização do novo sistema econômico e social.

  Através da luta pelo controle - luta que não se trava no Parlamento, mas que é luta revolucionária de massas e atividade de propaganda e de organização do partido histórico da classe operária, o Partido Comunista -, a classe operária deve adquirir, nos planos espiritual e organizativo, consciência de sua autonomia e de sua personalidade histórica.

  É por isso que a primeira fase da luta se apresentará como luta por uma determinada forma de organização.

  Esta forma de organização só pode ser o conselho de fábrica, bem como a organização nacionalmente centralizada do conselho de fábrica.

  Esta luta deve ter como resultado a constituição de um conselho nacional da classe operária, que será eleito - em todos só seus níveis, do conselho de fábrica ao conselho urbano e ao conselho nacional - mediante sistemas e procedimentos estabelecidos pela própria classe operária, e não pelo parlamento nacional, não pelo poder burguês.

Esta luta deve ser encaminhada no sentido de demonstrar às grandes massas da população que todos os problemas existenciais do atual período histórico, os problemas do pão, do teto, da luz, do vestuário, só podem ser resolvidos quando todo o poder econômico - e , portanto, todo o poder político - tiver sido transferido para a classe operária.

  Ou seja: esta luta deve ser encaminhada no sentido de organizar em torno da classe operária todas as forças populares em revolta contra o regime capitalista, com o objetivo de fazer com que a classe operária se torne efetivamente classe dirigente e guie todas as forças produtivas a se emanciparem através da realização do programa comunista.

  Esta luta deve servir para pôr a classe operária em condições de escolher, em seu próprio seio, os elementos mais capazes e enérgicos, para fazer deles seus novos dirigentes industriais, seus novos guias no trabalho de reconstrução econômica.

  Deste ponto de vista, o projeto de lei apresentado por Giolitti à Câmara dos Deputados representa apenas um instrumento de agitação e propaganda.

  É assim que ele deve ser examinado pelos comunistas, para os quais tal projeto - além de não ser um ponto de chegada.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sobre a exploração da força de trabalho. [2]

 Relação entre a força de trabalho e a sociedade, e a mais-valia. 


  Vimos, também, que a contratação de um operário implica na compra de uma mercadoria, que é a força de trabalho. Mas, uma vez que a força de trabalho é convertida em mercadoria, todas as leis e regras aplicadas à mercadorias também lhe é aplicável.

  Se a força de trabalho é uma mercadoria, e não pode ser produzida em fábricas, de onde se dá a sua produção?
Suponhamos que os operários já trabalharam demais, e que, exaustos, não conseguem mais. Quase se esgotou a sua força de trabalho. Pode-se comer, descansar, e regenerar as forças para que a força de trabalho volte, e que se possa exercer seu ofício novamente.

  Portanto, a alimentação, a moradia, a alimentação e etc que são as necessidades básicas para se viver que representam o custo da força de trabalho do operário. Mas, podem se juntar com elementos de aprendizagem, no caso de trabalhadores qualificados. Por exemplo, a força de trabalho de uma pessoa que cursou uma faculdade é mais cara do que a força de trabalho da pessoa que só cursou o Ensino Médio.

  Cada tipo de mercadoria tem uma valor diferente. Assim também é com a força de trabalho. Cada força de trabalho diferente possui um preço diferente. A força de trabalho de um pedreiro é diferente da força de trabalho de um professor, por exemplo.

  Na fábrica, o dono compra os combustíveis, os materiais, as máquinas e tudo que é necessário para sua produção. Por fim, compra a força de trabalho dos operários. Logo, a produção pode começar. E essa é a vontade do fabricante. Os combustíveis vão se esgotando, os materiais acabando, as máquinas se desgastando, o prédio também. O operário já precisa repor suas energias. Em compensação, sai da fábrica uma mercadoria. E qual seu preço? É, também, o preço do combustível, o preço dos materiais, da mão-de-obra... Tudo isso é agregado ao valor da mercadoria.

  Agora, vamos lançar um olhar para a sociedade inteira, já que não só o burguês ou o operário nos interessa.  Devemos considerar os meios desta sociedade inteira, que é uma máquina capitalista. A classe capitalista faz trabalhar a classe operária, numericamente maior. Faz trabalhar em campos, fábricas, plantações, minas... Espalhados por todo o mundo, trabalhando como formigas, estão bilhões de operários. O capitalista o paga pela sua força de trabalho, que serve para o próprio capitalista, já que este valor será usado para o operário repor a sua força de trabalho. A classe operária não cria a sua própria renda com os produtos, ela cria a renda dos superiores, ela cria a mais-valia.

  Essa mais-valia vai para o bolso dos superiores por vários meios... Uma parte é embolsada pelo seu próprio lucro, ou é embolsada pelo proprietário e possuidor da propriedade e da terra, outra vai para o Estado capitalista, por meio de impostos, outra é embolsado por todas as pessoas que prestam serviços, sejam de lazer ou de utilidade pessoal, aos operários. Desde palhaços de circo, e diaristas, até as acompanhantes. É por essa mais-valia que vivem muitos parasitas dos operários. Uma parte desta mais-valia é utilizada pelos próprios capitalistas. Seu capital cresce. Aumentam suas empresas, contratam mais mão-de-obra. Máquinas velhas são substituídas pelas novas. Um número maior de operários significa uma mais-valia maior. E, cada vez mais aparecem empresas capitalistas novas. Portanto, cada dia o capital progride mais. E a exploração do trabalho cresce proporcionalmente.

Sobre a exploração da força de trabalho.

  Relação entre fabricantes, operário e força de trabalho.

  Vimos, no outro texto, que o operário vende sua força de trabalho. E, se vende, é porque necessita dela para se sustentar, alimentar a família e sobreviver na sociedade. Há, portanto, uma importância da força de trabalho para o operário que tem ela. Ele depende totalmente de sua força de trabalho. Mas, aparece outra pergunta, por que o burguês compra a força de trabalho do operário?

  Será que é porque os fabricantes desejam sustentar os trabalhadores esfomeados? De nenhum modo. Mas, porque querem tirar todo o lucro deles. Tudo feito na produção capitalista é feito para gerar lucro - desde quando procuram o melhor lugar para vender suas mercadorias até quando compram a força de trabalho de qualquer grupo de operários. Observamos, então, que não é a sociedade capitalista que produz todas as coisas que são necessárias para sua utilidade e sobrevivência. A sociedade sobrevive quando os fabricantes exploram os operários, tentando tirar o maior lucro possível deles.

  Um grande exemplo disso é a produção de bebidas alcoólicas. Sabemos que não se tira nada de bom do alcoolismo. A bebida mistura com o volante, vemos que não trás bom resultado. E, sem contar os milhares de casos de pessoas bêbadas se matando, espancando uns aos outros... Pra que finalidade, portanto, o álcool continua sendo produzido e continua sendo uma droga legalizada? Pois trás o lucro dos fabricantes da bebida. Por incrível que pareça, burgueses conseguem tirar dinheiro até dentre os maiores males do povo.

  Agora, necessitamos entender do lucro...
Ao vender o produto, o fabricante ganha lucro em dinheiro. E o que caracterizado o quando ele ganha é o preço da própria mercadoria. E qual lei define esse preço? Não há como responder, muitas coisas podem mudar esse preço, desde a sua produção, até o tipo da própria mercadoria e a procura do produto. Um exemplo é a, já conhecida, lei de de ''Oferta e procura'', onde quanto mais ''oferta''(quantidade de produtos fornecidos no mercado) menor é o preço, e quando mais a ''procura''(quantidade de pessoas atrás do produto) maior é o preço.

O texto está divido em partes, a segunda já está saindo.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Do trabalho assalariado.

  Vimos, nos outros textos, que a Produção no regime e a Monopolização dos meios de produção são duas características do regime capitalista. Sendo que, a terceira, é um reflexo de ambos as características - O trabalho assalariado.

  Sabemos que, os meios de produção são monopolizados, pelo que iremos chamar de burgueses, e esses possuem a propriedade privada, que caracteriza o meio de produção capitalista. Possui, pois, fábricas e máquinas trabalhando para ele. Os pequeno-artesãos e pequeno-agricultores que perderam seu espaço no mercado possuem agora duas opções: Ou trabalhar na casa de burguês e prestando serviços para outras pessoas, ou ir trabalhar para o burguês nas fábricas, tornando-se escravo do capital. Assim foi a origem do trabalho assalariado, a terceira característica do regime capitalista.

  O que é o trabalho assalariado? Antigamente, ainda nos tempos em que a escravidão tomava todo o globo, podia-se vender e comprar cada servo e cada escravo. Sim, eram seres humanos transformados em mercadoria pelos seus senhores. O escravo não era nada, além de uma mercadoria. De acordo com alguns historiadores, o Império Romano dividia as propriedades necessárias ao trabalho em: ''instrumentos de trabalho mudo'', ou seja, as coisas, ferramentas; os ''instrumentos de trabalho semi-mudos'', que seriam os animais irracionais necessitados, os bois, as vacas; e os ''instrumentos de trabalho falantes'' que são, por fim, os escravos. Tudo possuía o mesmo valor significativo - Tudo podia ser comprado, vendido e trocado.

  A diferença para o trabalho assalariado para o trabalho escravo é que o homem não é, propriamente, vendido ou comprado. Negocia-se, pois, a sua força de trabalho. O trabalhador assalariado é, portanto, livre. Não pode ser vendido, comprado ou obrigado à nada. Então, praticamente, o trabalhador aluga seus serviços em troca de um salário - Onde surge o nome, trabalhador assalariado. Seria essa uma liberdade? Como dizem os burgueses, ''Se não quiser, não trabalhe, ninguém te obriga'', e até mesmo insinuam que sustentam o trabalhador, dando-o condições de trabalhar para lucrar, dizendo que tanto operário quanto patrão estão no mesmo pé de igualdade.

  Conhecendo a verdade, é visível que nem operário nem patrão estão em mesmo pé de igualdade. O trabalhador está ligado ao capital pela necessidade. Necessidade de comer, de sobreviver, de sentir prazer... Isto que os faz trabalhar, isto é, vender a força de trabalho. Não há outra escolha para o pobre operário pois, é impossível para ele organizar sua própria produção, já que os meios já pertencem aos particulares.

  A liberdade que tem o trabalhador de vender sua força de trabalho e a liberdade que o patrão tem de comprá-las e essa ''igualdade'' que existe entre o patrão e o subordinado é uma cadeia do regime capitalista. Nessa cadeia, uma coisa depende da outra, uma não existe sem a outra. Pois, se uma deixar de existir, a cadeia cai. Por exemplo: Se o trabalhador para de vender sua força de trabalho, o patrão não pode comprá-la, e a suposta liberdade deixa de existir.

  No capitalismo, aquele que trabalha não possui nenhum meio de produção. Não pode, pois, utilizar da sua força de trabalho para si mesmo. E, para não morrer de fome, vende-se para um patrão. E, há o surgimento de outro mercado, além o de comércio de mercadorias, o mercado que os proletários (trabalhador assalariado) vendem sua força de trabalho. Chegando a conclusão de que, a própria força de trabalho se converte em mercadoria.

Por: Uriel Dias de Oliveira

sábado, 14 de janeiro de 2012

Manifesto dos Iguais.

  Um ótimo texto feito por Gracchus Babeuf, Marxista Francês, ao povo do seu país. Aproveitem!


''Povo da França!

Durante perto de vinte séculos viveste na escravidão e foste por isso demasiado infeliz. Mas desde há seis anos que respiras afanosamente na esperança da independência, da felicidade e da igualdade.

A igualdade! - primeira promessa da natureza, primeira necessidade do homem e elemento essencial de toda a legítima associação! Povo da França, tu não ficaste mais favorecido do que as outras nações que vegetam sobre esta mísera terra! Sempre e em qualquer lado, a pobre espécie humana, vítima de antropófagos mais ou menos astutos, foi joguete de todas as ambições, pasto de todas as tiranias. Sempre e em qualquer lado se adulou os homens com belas palavras, mas nunca e em lugar nenhum obtiveram eles aquilo que, através das palavras, lhes prometeram. Desde tempos imemoriais se vem repetindo hipocritamente: os homens são iguais. Mas desde há longo tempo que a desigualdade mais vil e mais monstruosa pesa insolentemente sobre o gênero humano.

Desde a própria existência da sociedade civil, o atributo mais belo do homem vem sendo reconhecido sem oposição, mas nem uma só vez pôde ver-se convertido em realidade: a igualdade nunca foi mais do que uma bela e estéril ficção da lei. E hoje, quando essa igualdade é exigida numa voz mais forte do que nunca, a resposta é esta: "Calai-vos, miseráveis! A igualdade não é realmente mais do que uma quimera; contentai-vos com a igualdade relativa: todos sois iguais em face da lei. Que quereis mais, miseráveis?" Que mais queremos? Legisladores, governantes, proprietários ricos; é agora a vossa vez de nos escutardes.

Todos somos iguais, não é verdade? Este é um princípio incontestável, porque ninguém poderá dizer seriamente, a não ser que esteja atacado de loucura, que é noite quando se vê que ainda é dia. Pois bem, o que pretendemos é viver e morrer iguais já que como iguais nascemos: queremos a igualdade efetiva ou a morte.

Não importa qual o preço, mas havemos de conquistar essa igualdade real. Ai daqueles que se interponham entre ela e nós! Ai de quem se oponha a um juramento formulado desta forma!

A Revolução Francesa não é mais do que a vanguarda de outra revolução maior e mais solene: a última revolução.

O povo passou por cima dos corpos do rei e dos poderosos coligados contra ele; e assim acontecerá com os novos tiranos, com os novos tartufos políticos sentados no lugar dos velhos.

De que mais precisamos além da igualdade de direitos?

Temos apenas necessidade dessa igualdade, da qual resulta a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: queremos vê-la entre nós, sob o teto das nossas casas. Estamos dispostos a tudo, a fazer tábua-rasa de tudo o mais, apenas para conservar a igualdade. Pereçam, se for necessário, todas as artes, desde que se mantenha de pé a igualdade real!

Legisladores e governantes, com tão pouco engenho como boa fé, proprietários ricos e sem coração, em vão tentais neutralizar a nossa sagrada missão dizendo: "Eles não fazem mais do que reproduzir aquela lei agrária exigida já por diversas vezes no passado".

Caluniadores, calai-vos pela vossa parte e, em silêncio de confissão, escutai as nossas pretensões, ditadas pela natureza e baseadas na justiça.

A lei agrária, ou a divisão da terra, foi aspiração momentânea de alguns soldados sem princípios, de algumas populações incitadas pelo seu instinto mais do que pela razão. Nós temos algo de mais sublime e de mais eqüitativo: o bem comum, ou a comunidade de bens! Nós reclamamos, nós queremos desfrutar coletivamente dos frutos da terra: esses frutos pertencem a todos.

Declaramos que, posteriormente, não poderemos permitir que a imensa maioria dos homens trabalhe e esteja ao serviço e ao mando de uma pequena minoria.

Há muito tempo já que menos de um milhão de indivíduos tem vindo a dispor de quanto pertence a mais de vinte milhões de semelhantes seus, de homens que são em tudo iguais a eles.

Devemos pôr termo a este grande escândalo, que os nossos netos não quererão acreditar possa ter existido! Devemos fazer desaparecer, finalmente, essas odiosas distinções de classes entre ricos e pobres, entre grandes e pequenos, entre senhores e servos, entre governantes e governados.

Que entre os homens não exista mais nenhuma diferença do que aquela que lhes é dada pela idade e pelo sexo. E, porque todos temos as mesmas necessidades e as mesmas faculdades, que exista, portanto, uma única educação para todos e um idêntico regime de alimentação. Toda a gente se sente satisfeita por dispor do sol e do mesmo ar que respira. Porque não há de acontecer o mesmo com a quantidade e a qualidade dos alimentos?

Mas é verdade que já os inimigos da ordem de coisas mais natural que imaginar se possa protestam e clamam contra nós.

Desorganizadores e facciosos, dizem-nos eles, vós só desejais que exista anarquia e massacre.

Povo da França!

Não desejamos perder tempo a responder a esses senhores, mas a ti dizemos-te: a sagrada tarefa em que estamos empenhados não tem outro objetivo que não seja pôr termo às lutas civis e à miséria pública.

Nunca foi concebido e posto em execução um plano mais vasto do que este. De vez em quando, alguns homens de talento, homens inteligentes, falaram em voz baixa e temerosa desse plano. Mas nenhum deles, claro, teve a coragem necessária para dizer toda a verdade.

Chegou a hora das grandes decisões. O mal encontra-se no seu ponto culminante, está a cobrir toda a face da terra. O caos, sob o nome de política, há já demasiados séculos que reina sobre ela. Que tudo volte, pois, a entrar na ordem exata e que cada coisa torne a ocupar o seu posto. Ao grito de igualdade, os elementos da justiça e da felicidade estão a organizar-se. Chegou o momento de fundar a República dos Iguais, este grande refúgio aberto a todos os homens. Chegaram os dias da restituição geral. Famílias sacrificadas, vinde todas sentar-vos à mesa comum posta para todos os vossos filhos.

Povo da França!

A ti estava, pois, reservada a mais esplendorosa de todas as glórias! Sim, tu serás o primeiro que oferecerá ao Mundo este comovedor espetáculo.

Os hábitos inveterados, os antigos preconceitos, farão novamente tudo para impedir a implantação da República dos Iguais. A organização da igualdade efetiva, a única que satisfaz todas as necessidades sem provocar vítimas, sem custar sacrifícios, talvez em princípio não agrade a todos. Os egoístas, os ambiciosos, rugirão de raiva. Os que conquistaram injustamente as suas possessões dirão que está a cometer-se uma injustiça em relação a eles. Os prazeres individuais, os prazeres solitários, as comodidades pessoais, serão motivo de grande pesar para os indivíduos que sempre se caracterizaram pela sua indiferença ante os sofrimentos do próximo. Os amantes do poder absoluto, os miseráveis partidários da autoridade arbitrária, baixarão pesarosos as suas soberbas cabeças perante o nível da igualdade real. A sua visão estreita dificilmente penetrará no próximo futuro da felicidade comum. Mas que podem fazer alguns milhares de descontentes contra uma massa de homens completamente satisfeitos de terem procurado durante tanto tempo uma felicidade que sempre tiveram à mão?

Logo que se verificar esta autêntica revolução, estes últimos, estupefatos, dirão uns aos outros: "Como custava tão pouco conseguir a felicidade comum! Era necessário apenas ter o desejo de alcançá-la. E por que não fizemos isso há mais tempo?" Será preciso repetir sempre uma e outra vez? Sim, sem dúvida, basta que sobre a terra um homem seja mais rico e mais poderoso do que os seus semelhantes, do que os seus iguais, para que o equilíbrio se quebre e o crime e a desgraça invadam o Mundo.

Povo da França!

Quais os sinais que nos permitem reconhecer as qualidades de uma Constituição? Aquela que se apóia integralmente sobre a igualdade é, na realidade, a única que te convém, a única que satisfaz as tuas aspirações.

As cartas aristocráticas dos anos 1791 e 1795, em vez de romper as tuas cadeias, vieram consolidá-las. A de 1793 supôs ser um grande passo no sentido da igualdade real, mas não conseguiu todavia esse objetivo e não apontou diretamente para a igualdade comum, embora consagrasse solenemente o grande princípio dessa igualdade.

Povo da França!

Abre os olhos e o coração para a plenitude da felicidade; reconhece e proclama conosco a República dos Iguais.''

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Monopolização dos ''meios de produção''.

  Como dito antes, a produção de mercadorias para o comércio caracteriza o capitalismo. Mas, não um caráter suficiente para definir o capitalismo. Necessitam-se de outras características. Porque é totalmente possível uma produção de mercadorias não ser capitalista. Por exemplo, a produção feita por pequenos artesãos, como encontrados nas ruas das grandes cidades. Eles produzem para o mercado, e são, por consequência, mercadorias, e sua produção é uma produção de mercadorias.

  Porém, no caso dos artesãos quanto em tantos outros casos, trata-se de uma produção comum, e não de uma produção capitalista. Para que a produção dos artesãos sejam uma produção capitalista, é preciso que, de um lado, os meios de produção se convertam em uma propriedade. Uma propriedade de uma classe pouco numerosa de pessoas conhecidas como ''burgueses''. E, que pelo outro lado, os artesãos se tornem operários que trabalham na fábricas desses burgueses.

  Deduzimos, então, que a monopolização dos meios de produção, e a própria produção capitalista trazem a ruína da maioria (como no exemplo dos operários) e o sucesso da minoria (os burgueses). Essa é a base de toda economia capitalista. E tem um efeito que deve ser considerado o mais importante: Enquanto os ricos enriquecem, os pobres acabam ficando mais pobres. Portanto, é impossível viver em uma igualdade enquanto o capitalismo existir. E o capitalismo não acabará enquanto houver a propriedade privada e o lucro dos burgueses.

  E, nesse ponto, concordamos com Proudhon. ''A propriedade privada é um roubo''. Porque, enquanto está na mão de uma pequena porcentagem de pessoas ricas, é de impossível acesso para as camadas mais baixas. E, por isso, é necessário a abolição da propriedade privada. Sendo de igual necessidade a abolição do meio de produção capitalista.

  Portanto, a monopolização dos meios de produção, que pertencem aos burgueses, é a segunda característica do capitalismo.

Por: Uriel Dias de Oliveira 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Da produção no regime capitalista.

  Primeiro, se repararmos como se desenvolveu a produção no regime capitalista, notaremos que, deste modo de produção, originam-se mercadorias. Mercadoria não é um produto qualquer. É, antes de tudo, um produto destinado ao mercado. Ou seja, para suprir necessidades gananciosas e para o lucro. O que diferencia o produto de uma mercadoria é que o primeiro é destinado a atender nossa própria necessidade.

  Por exemplo, quando um camponês faz sua plantação de trigo. E, do trigo, faz pão, é somente um produto. Quando um latifundiário planta milhões de sementes de trigo, e produz pão para que seja vendido em um grande mercado consumidor, o pão se torna uma mercadoria. O produto, portanto, se torna mercadoria quando é produzido e vendido, pertencendo ao comprador, e não ao produtor.

  No meio de produção do regime capitalista, tudo produzido é destinado à venda. Tudo é mercadoria. Porque o fabricante não faz para seu próprio consumo. Faz com a finalidade do lucro. Da venda. No capitalismo tudo se passa assim, seja qual for o produto.

  E a produção de mercadorias pressupõe a presença de propriedade privada. E sempre que existe propriedade privada, ou mercadoria, há uma coisa chamada de ''concorrência'', caracterizada como  uma luta em torno do comprador.

  Sendo assim, a primeira característica do regime capitalista é a produção de mercadorias, que seriam produtos destinados ao mercado.

Carta aos jovens brasileiros.

  Aqui, um texto de quem é o meu preferido político atual, Plínio de Arruda Sampaio.



''Pediu-me um dos seguidores do meu twitter que escrevesse uma carta dirigida aos brasileiros jovens.

Não me sentiria autorizado a fazê-lo, se não estivesse recebendo tantas manifestações de apoio como tenho recebido desde a campanha eleitoral.

Propostas tão mal recebidas pelas pessoas maduras, foram acolhidas com entusiasmo pelos jovens e pelas pessoas idosas.

Curiosa esta fissura entre a juventude e a velhice e as pessoas que estão no comando do país. Demonstração evidente de que os dirigentes não o estão conduzindo corretamente e prenúncio de importantes modificações políticas.

O que posso dizer a vocês, jovens, em retribuição ao apoio que me têm dado?

Penso que devo apenas repetir o que falei nos debates: ninguém consegue ser feliz em uma sociedade tão desigual como a nossa.

A solução para essa desgraça é uma só: substituição do poder burguês pelo poder popular. Isto se chama: socialismo.

O jovem vive um período de formação.

Sua maior contribuição para o socialismo, nesse período, é o estudo da nossa realidade e da teoria marxista.

Estudo não quer dizer apenas leitura de livros. Exige igualmente experiência, ação, participação nos assuntos importantes da sociedade.

É isto que gostaria de pedir a vocês. Cuidem da sua formação intelectual, porque o Brasil precisa de gente preparada, mas cuidem igualmente da formação que se obtém na prática, na ação.

Coloco-me inteiramente à disposição da juventude brasileira, para colaborar na construção de uma sociedade igualitária, justa e democrática – uma sociedade socialista.

Vamos, juntos, revolucionar este país!''

domingo, 8 de janeiro de 2012

De Onde Vêm as Idéias Corretas?

  Mais uma citação. Dessa vez, do   "Grande Timoneiro", como era conhecido Mao Zedong na China.

''De onde vêm as idéias corretas? Caem do céu? Não. São inatas dos cérebros? Não. Só podem vir da prática social, dos três tipos de prática: a luta pela produção, a luta de classes e os experimentos científicos na sociedade. A existência é sócia do povo e determina seus pensamentos.

Uma vez dominados pelas massas, as idéias corretas, características da classe avançada, se converterá em uma força material para transformar a sociedade e o mundo.

Na prática social, a gente se enfrenta com todo tipo de lutas e extrai ricas experiências de seus êxitos e fracassos. Inumeráveis fenômenos da realidade objetiva se refletem nos cérebros das pessoas por meio dos órgãos e seus cinco sentidos, a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato.

Ao começar, o conhecimento é puramente sensitivo. Ao acumular-se este conhecimento o mesmo produzirá um salto e se converterá em conhecimento racional, em idéias. Este é o processo do conhecimento.

É a primeira etapa do processo de conhecimento em seu conjunto, a etapa que conduz da matéria objetiva à consciência subjetiva, da existência das idéias.

Nesta etapa, porém não se tem comprovado se a consciência e as idéias (incluindo teorias, políticas, planos e resoluções) reflitam corretamente as leis da realidade objetiva, como também não podem determinar se são justas.

Logo se apresenta a segunda etapa do processo de conhecimento, a etapa que conduz da consciência à matéria, das idéias à existência, isto é, aplicar na prática social o conhecimento obtido na primeira etapa para ver se essas teorias, políticas, planos e resoluções podem alcançar as conseqüências esperadas.

Falando em geral, os que derem bons resultados são adequados, e os que derem maus resultados são errôneos, especialmente na luta da humanidade contra a natureza.

Nas lutas sociais, as forças que representam a classe avançada às vezes tem algum fracasso, mas a causa não é de que suas idéias sejam incorretas, mas na verdade da correlação das forças em luta, as forças avançadas ainda não são tão poderosas naquele momento quanto as forças reacionárias, e conseqüentemente fracassam temporariamente, porém alcançam os êxitos previstos mais cedo ou mais tarde.

Depois das provas da prática, o conhecimento do povo realizará outro assalto, que é mais importante que o anterior. Porque só mediante o segundo salto poderá provar o que ocorreu de errado e certo no primeiro salto de conhecimento, isto é, das idéias, teorias, políticas, planos e resoluções formadas durante o curso da reflexão da realidade objetiva.

Não há outro método para comprovar a verdade. A única finalidade do proletariado e seu conhecimento do mundo são transformar o mesmo.

O pequeno só pode ganhar um conhecimento correto depois de muitas reiterações do processo que conduz da matéria à consciência e da consciência à matéria, quer dizer, quer dizer, da prática ao conhecimento e do conhecimento à prática.

Está é a teoria marxista do conhecimento, é a teoria materialista dialética do conhecimento.

Porém muitos dos nossos camaradas não compreendem está teoria do conhecimento.

Quando lhes é perguntado de onde extraem suas idéias, opiniões, políticas, métodos, planos, conclusões, eloqüentes discursos e longos artigos, consideram estranha a pergunta e não podem responder.

Encontramos freqüentemente incompreensíveis fenômenos de salto na vida cotidiana em que a matéria pode transformar-se em consciência e a consciência em matéria.

Por isso, é preciso educar nossos camaradas na teoria materialista dialética do conhecimento para que orientem corretamente seus pensamentos seja para investigar e estudar bem, seja para realizarem um balanço correto de suas experiências, para que superem suas dificuldades, cometam menos erros, trabalhem bem e lutem esforçadamente para converter a China numa grande potência socialista e ajudar as grandes massas dos povos oprimidos e explorados do mundo, cumprindo assim os grandes deveres internacionais que havemos de assumir.''

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Contradições principais do regime capitalista.

  Neste fim de semana não teve texto de outros marxistas, como combinado, devido à festa de ano novo. Então, deixo para vocês esse ótimo, e curto, texto de Nicolai Bukharine.

  ''Agora, é preciso indagar se a sociedade burguesa está bem construída. Uma coisa só é sólida e boa quando todas as suas partes se ajustam bem. Tomemos, para exemplo, um mecanismo de relógio: ele só funciona regularmente e sem parar, quando cada roda se adapta bem à roda vizinha, dente por dente. Consideremos, agora, a sociedade capitalista. Notamos, sem esforço, que ela não está solidamente construída, como parece, e que, pelo contrário, deixa transparecer grandes contradições e. apresenta graves fendas.

  Antes de tudo, no regime capitalista, não existe produção nem repartição organizadas das mercadorias; há anarquia da produção. Que significa isto? Significa que cada patrão capitalista (ou cada associação de capitalistas) produz as mercadorias independentemente dos outros. Não é a sociedade inteira quem calcula o que lhe é preciso, mas simplesmente os industriais que fazem fabricar, visando somente à realização do maior lucro possível e a derrota de seus concorrentes no mercado. Por isto, produzem-se, por vezes, mercadorias em excesso (trata-se, evidentemente, da situação anterior à guerra) e não se pode comercializá-las, desde que os operários não podem comprá-las, por falta de dinheiro. Então, sobrevém uma crise: as fábricas são fechadas, os operários postos no olho da rua.

  Ainda mais, a anarquia na produção arrasta consigo a luta pelo mercado; cada produtor quer retirar ao outro seus compradores, atraí-los para o seu lado, açambarcar o mercado. Esta luta assume diversas formas, múltiplos aspectos, começando pela luta entre dois fabricantes e acabando pela guerra mundial entre os Estados capitalistas para a partilha dos mercados do mundo inteiro. Não se trata mais, aí, apenas das partes integrantes da sociedade capitalista que se entrosam uma na outra, mas de um verdadeiro choque entre elas.''

domingo, 18 de dezembro de 2011

Exposição por rádio e televisão sobre a estatização do sistema bancário chileno

   Texto de:Salvador Allende





Povo do Chile, trabalhadores:


Eu não quero terminar este ano sem fazer um importante anúncio para o cumprimento de nossos planos econômicos e que se referem à nova política bancária e creditória.

Ante a consciência cidadã, nos comprometemos a lograr que o banco deixe de ser um instrumento ao serviço de uma minoria, para utilizar seus recursos em benefício de todo o país.

Pois bem, de acordo com as disposições legais, cabe ao Banco Central fixar o nível máximo das taxas de juros, para o primeiro trimestre de 1971.

O propósito do Governo Popular é que esta decisão seja acompanhada por um conjunto de outras medidas, para que ela tenha, efetivamente, o significado que querermos lhe dar.

Nossa determinação é a seguinte:
Desde o dia 1º de janeiro haverá uma redução substancial da taxa máxima de juros. A diminuição será, aproximadamente, de 25%, respectivo ao atual nível, para o segundo semestre do presente ano. Deste modo, o custo total máximo do crédito, incluindo impostos e comissões, se reduz de 44% a 21%.
Estabelecer-se-ão taxas substancias inferiores à máxima, para certas atividades econômicas e alguns setores empresariais.
Assim é como se verão favorecidos os pequenos industriais e artesãos, as centrais de compra, as cooperativas campesinas, as sociedades agrícolas de Reforma Agrária, os campesinos atendidos pelo Indap, os construtores de moradias econômicas e industrializadas, os exportadores, os empresários que operam linhas de crédito de acordo com o orçamento, os industriais que mantêm convênios com o Ministério da Economia para desenvolver produtos de consumo popular.
Assim, a taxa de juros se transforma em um efetivo instrumento de orientação para o desenvolvimento econômico e ao apoio de certos setores produtivos, particularmente, os pequenos e médios empresários.
Será impulsionada uma forte redistribuição de crédito, fazendo-o de maneira fácil e rapidamente acessível a setores que até agora foram deixados de lado pelas instituições bancárias.
Será impulsionada a sua descentralização, de modo que as regiões e províncias disponham de maiores recursos e de uma maior capacidade de decisão em sua própria região.

Convém ter em mente que, em 30 de setembro deste ano, setenta por cento do crédito se centralizava em Santiago.

Toda esta política, juntamente a atribuir ao banco o serviço de desenvolvimento nacional, tem como objetivo derrotar a inflação.

Gastos financeiros mais baixos significam, necessariamente, menores pressões inflacionárias.

Entretanto — e ouçam bem — a nosso juízo, para que esta política possa ser aplicar de forma efetiva, com toda sua amplitude e de maneira permanente, é preciso que o sistema bancário seja de propriedade estatal.

O banco sempre buscará uma forma de evitar o controle, quando a administração direta não está nas mãos do Governo.

Os fatos demonstraram que os controles indiretos que podem ser exercidos são ineficazes.

Assim sucedeu, por exemplo, a concentração do crédito. Em dezembro do ano passado, 1,3% dos devedores do sistema representavam 45,6% do crédito. Esta concentração só aumenta. A esta altura, era maior que em 1965. Igualmente, há razões fundadas para supor que nas últimas semanas a concentração de crédito aumentou como uma última tentativa de tirar o crédito dos bancos privados.

Isto acabou refletindo que clientes tradicionais destes bancos, encontraram as portas fechadas, o que está provocando fortes pressões sobre o Banco do Estado. Se não tomarmos a administração dos bancos para dar mais créditos aos pequenos e médios empresários, para impedir que os monopólios tomem conta, a baixa da taxa de juros seguirá favorecendo aos poucos privilegiados que sempre usufruíram dela. Igualmente, os controles indiretos mostraram-se ineficazes para prevenir operações ilegais, ou para descentralizar o crédito, ou para orientá-lo para o seu uso como instrumento executivo de planificação.

Somente estando os bancos nas mãos do povo, através do Governo que representa seus interesses, é possível cumprir com nossa política.

Face ao exposto, ficou resolvido que na próxima semana será enviado ao Congresso, um projeto de lei para estatizar o sistema bancário.

Não obstante esta decisão, o Governo quer oferecer outra alternativa, que além de acelerar o processo, representa uma boa opção para todos os acionistas, especialmente os pequenos. O Governo oferece a partir de segunda-feira, 11, até 31 de janeiro, comprar as ações de bancos privados. Esta opção se dará por intermédio do Banco do Estado, através de suas agências em todo o país e de acordo com as seguintes condições:
As ações serão avaliadas ao preço médio em que foram vendidas na Bolsa de Valores, durante o primeiro semestre do presente ano. Este procedimento é similar ao que adota para o pagamento do imposto patrimonial. É necessário ressaltar que o preço para as ações, considerado no projeto de Lei de Estatização Bancária, é inferior a este.
As opções de pagamento ofertadas são:
a) Os primeiros 10.000 escudos em ações valorizadas na maneira indicada, serão pagos a todos os portadores dos Certificados de Poupança Reajustáveis, que poderão ser liquidados no momento que desejarem;
b) Os possuidores de mais de 10.000 em ações bancárias receberão até 40.000 escudos, adicionais, em Certificados de Poupança Reajustáveis, que poderão ser liquidados depois de dois anos de efetuada a operação;
c) Os que têm em seu poder mais de 50.000 escudos em ações bancárias, será paga a parte excedente a esta quantidade no prazo de sete anos, com dois anos de graça, em cotas anuais reajustáveis, que terão taxa de juros de 5%.
Estas condições favorecerão os acionistas, especialmente os pequenos, tendo em conta que no projeto de lei para nacionalização do sistema Bancário, fixa-se um prazo para pagamento de quinze anos, em cotas não-reajustáveis, com 5% de juros ao ano.
Igualmente, o pagamento em títulos CAR é, para o pequeno acionista uma alternativa mais segura ainda, e mais rentável que as que tiveram até o momento com suas ações; agregando como complemento de seguridade, o respaldo que o Governo Popular dá a estas formas de poupança.
As instituições sem fins lucrativos terão tratamento especial.
Para os efeitos do pagamento, serão consideradas as últimas listas oficiais de acionistas, entregues pelos bancos a Superintendência.

A proposta do Governo é pela totalidade dos valores que tem cada acionista e não por parte de suas ações.

Sem prejuízo da proposta anterior, e com o intuito de zelar desde já pelos interesses do país, a Superintendência de Bancos designará inspetores em cada instituição.

Fazemos um chamado às autoridades bancárias para que, sem prejuízo do anteriormente exposto, voluntariamente deleguem desde já seus departamentos de recursos humanos que, para estes efeitos designará o Governo, evitando-se assim que, durante a discussão no Parlamento do projeto de lei que estatiza os bancos, ocorra o menor indício de instabilidade do sistema financeiro.

Os conceitos anteriores têm uma exceção: os bancos estrangeiros que gozam de um status jurídico especial Com estes se buscará um entendimento direto, baseado nos interesses do país, tendo em consideração seus direitos.

Todas as medidas anteriores garantirão os depósitos. Os depositantes podem estar seguros que os organismos do governo prevenirão e sancionarão severamente qualquer intenção de lesionar sua integridade.

Eu quero deixar para o final algumas palavras dirigidas aos trabalhadores dos bancos.

Ao adotar estas disposições, o Governo tem em conta e valoriza a posição assumida por estes em seu último congresso, em que se pronunciaram favoráveis à estatização dos bancos privados.

O Governo conta com o apoio e a participação ativa de vocês para cumprir este objetivo.

Ao mesmo tempo, atenderemos suas aspirações legítimas, reclamadas há muitos aos e que são relativas à:
Carreira bancária por mérito e antiguidade, para chegar, com uma nivelação paulatina, a uma carreira única, com o fim de facilitar a especialização bancária.
Possibilidade de estudos e aperfeiçoamento para todos os empregados, com ênfase na preparação para tarefas de mecanização bancária e de comércio exterior.
Redistribuição das remunerações, favorecendo os níveis inferiores.
Eliminação de privilégios tais como diferenças na alimentação, uso de veículos, etc.
Supressão de imposições tão humilhantes e retrocessas às pessoas, como por exemplo: obrigação de solicitar permissão para casar-se, término de contrato para mulheres que se casam, exigência de recomendação ou aval para ser contratado, etc.
Entrega dos campos esportivos a imobiliárias que sejam de propriedade dos sindicatos, que por sua vez deverão delegar sua própria administração em seus próprios clubes.
Estudo de uma política habitacional especial para os companheiros bancários, tendo em conta o volume de propriedades que possuem suas instituições.


Tudo isto se complementa com o compromisso, já anunciado, de que o Governo respeitará as conquistas dos trabalhadores bancários.

Ademais, a baixa taxa de juros não afetará os rendimentos deles, uma vez que se incorporarão, ao fim, às gestões de suas próprias empresas.

Esperamos que os profissionais bancários sejam um exemplo para todos os trabalhadores do país. Servir em empresas que pertencem a todo o povo não deve ser somente um privilégio, mas também uma responsabilidade.

Isto é o que queria lhes informar.

Muito obrigado.

Postado por:Lucas Rodrigues da Silva 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Por que os marxistas se opõem ao terrorismo individual(Léon Trótsky)

Nossos inimigos de classe têm o costume de queixar-se de nosso terrorismo. Eles gostariam de por o rótulo de terrorismo a todas as ações do proletariado dirigidas contra os interesses do inimigo de classe. Para eles, o método principal de terrorismo é a greve. A ameaça de uma greve, a organização de piquetes de greve, o boicote econômico a um patrão super explorador, o boicote moral a um traidor de nossas próprias filas: tudo isso e muito mais é qualificado de terrorismo. Se por terrorismo se entende qualquer coisa que atemorize o prejudique o inimigo, então a luta de classes não é outra coisa senão terrorismo. E o único que resta considerar é se os políticos burgueses têm o direito de proclamar sua indignação moral acerca do terrorismo proletário, quando todo seu aparato estatal, com suas leis, polícia e exército não é senão um instrumento do terror capitalista.


No entanto, devemos assinalar que quando nos jogam na cara o terrorismo, tratam, ainda que nem sempre de forma consciente, de dar-lhe a esta palavra uma sentido mais estrito, menos indireto. Por exemplo, a destruição das máquinas por parte dos trabalhadores é terrorismo neste sentido estrito do termo. A morte de um patrão, a ameaça de incendiar uma fábrica ou matar o seu dono, o atentado a mão armada contra um ministro: todos estes são atos terroristas no sentido estrito do termo. Não obstante, qualquer um que conheça a verdadeira natureza da social-democracia internacional deve saber que ela tem se colocado em oposição da maneira mais irreconciliável a esta classe de terrorismo.


Por que? O "terror" mediante a ameaça ou a ação grevista é patrimônio dos operários industriais ou agrícolas. O significado social de uma greve depende, em primeiro lugar, do tamanho da empresa ou ramo da indústria afetada; em segundo lugar, do grau de organização, disciplina e disposição para a ação dos operários que participam. Isto é certo tanto em uma greve econômica ou política. Segue sendo o método de luta que surge diretamente do lugar que na sociedade moderna ocupa o proletariado no processo de produção.


Para desenvolver-se, o sistema capitalista requer uma superestrutura parlamentar. Porém ao não poder confinar o proletariado em um gueto político, deve permitir cedo ou tarde, sua participação no parlamento. Nas eleições se expressa o caráter de massa do proletariado e seu nível de desenvolvimento político, qualidades determinadas por seu papel social, sobretudo por seu papel na produção.


Do mesmo modo que numa greve, nas eleições o método, objetivos e resultado da luta dependem do papel social e da força do proletariado como classe. Somente os operários podem fazer greve. Os artesãos arruinados pela fábrica, os camponeses cuja água envenena a fábrica, os lumpen-proletários em busca de um bom botim, podem destruir as máquinas, incendiar a fábrica ou assassinar o dono.


Somente a classe operária consciente e organizada pode enviar uma forte representação ao parlamento para cuidar dos interesses proletários. No entanto, para assassinar a um funcionário do governo não é necessário contar com as massas organizadas. A receita para fabricar explosivos é acessível a todo o mundo, e qualquer um pode conseguir uma pistola.


No primeiro caso, há uma luta social, cujos métodos e vias se desprendem da natureza da ordem social imperante; no segundo, uma reação puramente mecânica que é idêntica em todo o mundo, desde a China até a França: assassinatos, explosões, etc., porém totalmente inócua em relação ao sistema social.


Uma greve, inclusive uma modesta, tem conseqüências sociais: fortalecimento da auto-confiança dos operários, crescimento do sindicato, e, com não pouca freqüência, uma melhora na tecnologia produtiva. O assassinato do dono da fábrica provoca apenas efeitos policiais, ou uma troca de proprietário desprovida de toda significação social.


Para que um atentado terrorista, mesmo um que obtenha "êxito", crie confusão na classe dominante, depende da situação política concreta. Seja como for, a confusão terá vida curta; o estado capitalista não se baseia em ministros de estado e não é eliminado com o desaparecimento deles. As classes a que servem sempre encontrarão pessoas para substituí-los; o mecanismo permanece intacto e em funcionamento.


Todavia, a desordem que produz um atentado terrorista nas filas da classe operária é muito mais profunda. Se para alcançar os objetivos basta armar-se com uma pistola, para que serve esforçar-se na luta de classes? Se um pouco de pólvora e um pedaço de chumbo bastam para perfurar a cabeça de um inimigo, que necessidade há de organizar a classe? Se tem sentido aterrorizar os altos funcionários com o ruído das explosões, que necessidade há de um partido? Para que fazer passeatas, agitação de massas, eleições, se é tão fácil alvejar um ministro desde a galeria do parlamento?


Para nós o terror individual é inadmissível precisamente porque apequena o papel das massas em sua própria consciência, as faz aceitar sua impotência e volta seus olhos e esperanças para o grande vingador e libertador que algum dia virá cumprir sua missão.


Os profetas anarquistas da "propaganda pelos fatos" podem falar até pelos cotovelos sobre a influência estimulante que exercem os atos terroristas sobre as massas. As considerações teóricas e a experiência política demonstram o contrário. Quanto mais "efetivos" forem os atos terroristas, quanto maior for seu impacto, quanto mais se concentra a atenção das massas sobre eles, mais se reduz o interesse das massas por eles , mais se reduz o interesse das massas em organizar-se e educar-se.


Porém a fumaça da explosão se dissipa, o pânico desaparece, um sucessor ocupa o lugar do ministro assassinado, a vida volta à sua velha rotina, a roda da exploração capitalista gira como antes: só a repressão policial se torna mais selvagem e aberta. O resultado é que o lugar das esperanças renovadas e da excitação artificialmente provocada vem a ser ocupado pela desilusão e a apatia.


Os esforços da reação para por fim às greves e ao movimento operário de massas tem culminado, geralmente, sempre e em todas as partes, no fracasso. A sociedade capitalista necessita um proletariado ativo, móvel e inteligente; não pode, portanto, ter o proletariado com os pés e mão atados por muito tempo. Por outro lado, a "propaganda pelos fatos" dos anarquistas tem demonstrado cada vez mais que o estado é muito mais rico em meios de destruição física e repressão mecânica que todos os grupos terroristas juntos.


Se assim é, o que acontece com a revolução? Fica negada ou impossibilitada? De maneira nenhuma. A revolução não é uma simples soma de meios mecânicos. A revolução somente pode surgir da intensificação da luta de classes, sua vitória e garantida somente pela função social do proletariado. A greve política de massas, a insurreição armada, a conquista do poder estatal; tudo está determinado pelo grau de desenvolvimento da produção, a alienação das forças de classe, o peso social do proletariado e, por último, pela composição social do exército, posto que são as forças armadas o fator que decide o problema do poder no momento da revolução.


A social-democracia é bastante realista para não desconhecer a revolução que está surgindo das circunstâncias históricas atuais; pelo contrário, vai ao encontro da revolução com os olhos bem abertos. Porém, diferentemente dos anarquistas e em luta aberta com eles, a social-democracia rechaça todos os métodos e meios cujo objetivo seja forçar o desenvolvimento da sociedade artificialmente e substituir a insuficiente força revolucionária do proletariado com preparações químicas.


Antes de elevar-se à categoria de método para a luta política, o terrorismo faz sua aparição sob a forma de ato individual de vingança. Assim foi na Rússia, pátria do terrorismo. O açoitamento dos presos políticos levaram Vera Zasulich a expressar o sentimento de indignação geral com um atentado contra o general Trepov. Seu exemplo repercutiu entre a intelectualidade revolucionária, desprovidas do apoio das massas. O que começou como um ato de vingança perpetrado em forma inconsciente foi elevado a todo um sistema em 1879-1881. As ondas de atentados anarquistas na Europa Ocidental e América do Norte sempre se produzem depois de alguma atrocidade cometida pelo governo: fuzilamentos de grevistas ou execuções de opositores políticos. A fonte psicológica mais importante do terrorismo é sempre o sentimento de vingança que busca uma válvula de escape.


Não há necessidade de insistir que a social-democracia nada tem a ver com esses moralistas a soldo, que, em resposta a qualquer ato terrorista, falam somente do "valor absoluto" da vida humana. São os mesmos que em outras ocasiões, em nome de outros valores absolutos, por exemplo, a honra nacional ou o prestígio do monarca estão dispostos a levar milhões de pessoas ao inferno da guerra. Hoje, seu herói nacional é o ministro que dá a ordem de abrir fogo contra os operários desarmados, em nome do sagrado direito à propriedade privada; amanhã, quando a mão desesperada do operário desempregado cerre o punho ou se apodere de uma arma, falarão sandices sobre o inadmissível que é a violência em qualquer de suas formas.


Digam o que digam os eunucos e fariseus morais, o sentimento de vingança tem seus direitos. Fala muito bem a favor da moral da classe operária a não contemplação indiferente do que ocorre neste, o melhor dos mundos possíveis. Não extinguir o insatisfeito desejo proletário de vingança, mas, pelo contrário, avivá-lo uma e outra vez, aprofundá-lo, dirigi-lo contra a verdadeira causa da injustiça e a baixeza humanas: essa é a tarefa da social-democracia.


Nos opomos aos atentados terroristas porque a vingança individual não nos satisfaz. A conta que nos deve pagar o sistema capitalista é demasiado elevada para ser apresentada a um funcionário chamado ministro. Aprender a considerar os crimes contra a humanidade, todas as humilhações a que se vêem submetidos o corpo e o espírito humanos como excrescências e expressões do sistema social imperante, para empenhar todas nossas energias em uma luta coletiva contra este sistema: essa é a causa na qual o ardente desejo de vingança pode encontrar sua maior satisfação moral






Postado por:Lucas Rodrigues da Silva


Fonte:http://www.marxists.org

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O que é ser um Jovem Comunista, de acordo com Chê Guevara.

  Faço esse texto uma síntese do pensamento de Chê Guevara sobre o que é ser um Jovem Comunista. Não concordando ou discordando mas, mostrando a posição do revolucionário de acordo com o tema. Aliás, como é ser um jovem comunista para um revolucionário como esse?

  Primeiramente, ele deve ter honra em ser um jovem comunista. Não deve esconder essa condição, não deve ser um jovem comunista escondido, deve ter interesse em demostrar que é, e que sente orgulho em ser.

  Trás um grande dever de responsabilidade na sociedade comunista que está a se construir com os nossos semelhantes. Junto, grande responsabilidade na questão social, resolvendo e interpretando os problemas em defesa do povo, e sempre buscando a justiça. Espírito inconformado com tudo que há de ruim. Questionar tudo que não está visível. Combater sempre o conformismo e qualquer tipo de ação contrária ao povo ou à revolução. Estar sempre aberto a novas ideias e novas experiências. Segundo ele: ''Estar sempre aberto para receber as novas experiências, para conformar a grande experiência da humanidade, que leva muitos anos a avançar pela senda do socialismo, às condições concretas do nosso país,[...] E pensar -todos e cada um- como irmos mudando a realidade, como irmos melhorando-a.''

  O jovem comunista deve também sempre ser o primeiro. Ser o melhor em tudo. Claro que nem sempre se pode ser o primeiro mas, é possível estar sempre entre os primeiros, o grupo da vanguarda. Sendo assim, um exemplo, um espelho, para os outros jovens, para mostrar aos mais velhos que já perderam o seu entusiasmo com a juventude e com o estímulo do exemplo vão reagir bem.

  Um espírito de sacrifício, não só para as situações históricas mas, para todos os momentos. Ajudar seus companheiros de estudo, de trabalho. E estar sempre atento à massa humana que o rodeia.

  Como o revolucionário disse:
''[...] apresenta-se a todo jovem comunista a tarefa de ser essencialmente humano, ser tam humano que se aproxime ao melhor do humano, purificar o melhor do homem por meio do trabalho, do estudo, do exercício de solidariedade continuada com o povo e com todos os povos do mundo, desenvolver ao máximo a sensibilidade até se sentir angustiado quando um homem é assassinado em qualquer canto do mundo e para se sentir entusiasmado quando em algum canto do mundo se alça uma nova bandeira de liberdade.''



Por: Uriel Dias de Oliveira

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Socialismo em um só país ou revolução permanente?

  Uma das principais divisões dentro da ideologia comunista é esta: Trotskistas Vs Stalinistas.Os primeiros são a favor da revolução permanente.Os segundos acham que o socialismo pode ocorrer em apenas um país.Esse conflito surgiu desde os primórdios da revolução russa,mas se intensificou após a morte de Lênin,onde a disputa de poder ficou entre Trotsky(principal pensador da revolução permanente)e Stálin(que era a favor do socialismo em um só país).

  Os trotskistas levam em consideração o carácter internacional do socialismo marxista.Para eles,as contradições entre o interno e o externo do país levariam o socialismo ao fracasso.Segundo os adeptos dessa ideologia a revolução em um país é só o começo e deve se espalhar como um câncer por toda a Terra."A revolução começa no terreno nacional,desenvolve-se na arena internacional e termina na arena mundial",diz Trotsky no texto "A revolução permanente".Uma revolução mundial elimina a questão de países "maduros" ou "não maduros" para a revolução,segundo o trotskismo.

   O socialismo num só país seria impossível,pois a divisão mundial do trabalho,a subordinação dos países desenvolvidos às matérias dos não desenvolvidos(que também são subordinados aos bens de consumo produzidos pelos desenvolvidos),segundo os adeptos da revolução permanente.

   Os ideólogos do socialismo num só país dizem que uma nação pode ser socialista sem que o imperialismo fosse derrotado no resto do mundo.Dizem eles que a melhor forma de a revolução se espalhar para outros países é o socialismo consolidado em um outro(no caso stalinista a URSS).Os stalinistas pensam que uma nação pode se basear nos seus próprios recursos para se desenvolver,com a situação externa não tendo muita importância.Os pensadores dessa corrente do comunismo consideram a revolução num país o final de todo um processo.

   Essas duas correntes formam a maior divisão dentro do comunismo.Durante a história ocorreram muitas revoluções que se diziam socialistas.A maioria delas optou pelo socialismo num só país.Por isso é dever dos novos comunistas resolverem essa questão,que divide e,consequentemente,atrapalha o comunismo em todo mundo.





Por:Lucas Rodrigues da Silva

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A revolução, as armas, e a questão do proletário.

  Na cabeça de alguns esquerdistas, a revolução armada é o melhor jeito de levar a esquerda ao poder, quase uma fórmula mágica. Mas, será que as armas são necessárias à causa da revolução? Como o proletariado reage? Será que é o único jeito? Por que não usar?

  Primeiro, a luta armada é comandada pela vanguarda, e tem pouco apoio concreto do povo. E, do Golpe contra a Assembléia Geral dos sovietes até os golpecos para manter o controle de misérias estudantis, o que moveu essa vanguarda da luta armada é que o proletariado não é capaz de se libertar, e que só elas sabem o que é bom para todos. Aliás, acreditam que todo meio é válido para mostrar o caminho correto para os proletários ignorantes.

  A partir do momento que um grupo passa a comandar as necessidades e os desejos do povo, a revolução deixa de ser um movimento popular em prol das massas, e passa a ser um movimento defendido por um grupo, que não possuem razão mas, possuem armas.

  Quando o povo oprimido levanta armas ao opressor, assume uma característica de semelhante opressor. E o objetivo da revolução não é acabar com o poder dos opressores? No caso, só estaria criando outro grupo de pessoas com o poder na mão. Uma revolução não pode ser feita por opressores mas, por oprimidos.

  A crença de que os proletariados precisam de uma vanguarda armada lutando por eles é característica da perda de fé neles. Surge o sentimento, quando o povo não dá razão às lideranças revolucionárias, os vanguardistas fazem uma revolução em favor ao proletariado, que por fim, torna-se contra eles.

  Há aqueles que só acreditam no poder das armas. Mas, a minha fé no proletário me impede de apunhá-las. O povo não precisa de armas. O povo não precisa de vanguarda. Do que o povo precisa, então?

  A luta armada deve ser usada em tempos de repressão fascista. Assim como nos Estados totalitaristas, como foi a Alemanha nazista. No caso, só as armas poderiam salvar o povo.

  Hoje, não é tempo de repressão como ocorrera na Alemanha, hoje o problema do povo é que ele é manipulado pelo sistema e alienado à sua realidade. O revolucionário e o povo não precisam de armas-de-fogo para acabar com a manipulação ou com a alienação. No caso, as únicas armas corretas são o senso crítico e a consciência.

  Mas, para que a revolução ocorra é necessário que todos os brasileiros de juntem em uma unidade. Um revolução em que 90% lutam sob bandeiras diferentes, não dá certo. E se for feita, se tornará opressora. Mas, uma revolução em que todo o povo está em defesa de só uma bandeira, e só uma causa, é a, propriamente dita, revolução pelo proletariado.


Por: Uriel Dias de Oliveira 

sábado, 26 de novembro de 2011

Do AI-5 ao surgimento da guerrilha.

  Era difícil viver sob a ditadura militar. Claro, sem exageros, não havia um tanque passando na rua de minuto em minuto e nem sempre tinha um militar sondando as escolas e universidades procurando por subversivos. A vida podia ser levada normal, se você levasse uma vida egoísta. Você comia, trabalhava, ia ao médico... Isso se você fosse classe média. Os pobres só se ferravam. Passavam fome, eram oprimidos, esculachados...

  Mesmo com a boa vida da classe média, haviam os jovens que acreditavam que não se podia ser feliz em uma ditadura. Para eles, era impossível andar por aí sabendo que havia gente sendo torturada, presa, passando meses longe das famílias e conhecidos, sendo morta e a família não estava ciente nem onde o corpo teria sido enterrado. Era claramente impossível, e esse sentimento de amor ao próximo que motivou os jovens a começarem a contestação da ditadura.

  No começo, não era tão perigoso. Poucos eram capturados, passeatas eram aos montes. Claro que isso não agradou nada aos militares e civis que estavam no poder. Para eles, era necessário acabar com a manifestação contrária ao regime. Como? Repressão brutal e violenta. Decretou-se o AI-5 (Ato Inconstitucional Institucional número 5). Foi considerado ''o golpe dentro do golpe'', por fazer a ditadura muito mais dura.

  O AI-5 permitiu, basicamente, aos militares:
1- Fechar o Congresso Nacional por tempo indeterminado.
2- Suspender direitos políticos.
3- Suspender garantias legais.
Isso significa que, se alguns deputados ou senadores atrapalhasse as ações do regime, o Congresso poderia ser fechado. Se um deputado exagerasse na oposição, teria seus poderes políticos cassados, como foi o caso do deputado Lysâneas Maciel(MDB). A polícia podia invadir a casa das pessoas sem autorização judicial. Isso mesmo, quando quisessem. Presos políticos eram levados à lugares que não possuíam contato nem com amigos nem com familiares, onde eram torturados e mortos, e muitos corpos ainda não foram encontrados até hoje.

  Nenhuma espécie de oposição ou crítica poderia ser feita ao regime. Nem passeata, nem pichação. A maioria das passeatas acabaram porque não se tinha subversivos dispostos a serem baleados. Nas ruas, nas escolas, nas faculdades, todo mundo desconfiava de todo mundo. E se a pessoa ao lado fosse do SNI(Serviço Nacional de Informações) ? Então, como se podia lutar contra esse regime opressor?

  Os corajosos, esperançosos e sonhadores jovens pegaram as armas e foram à luta. Baseavam-se na guerrilha rural de Chê Guevara e Fidél Castro, que libertou Cuba do imperialismo. O problema principal da guerrilha era: como ter a base de uma guerrilha rural, se a maioria dos brasileiros vivem nas cidades?

  Para eles, jovens esquerdistas, a guerrilha parecia o melhor jeito de levar a esquerda ao poder durantes os tempos da ditadura. Por exemplo, a máquina bélica militar dos Estados Unidos estavam sendo derrotados por alguns camponeses guerrilheiros do Vietnã. A guerrilha de Mao-Tsé-Tung... A maioria dos grupos de guerrilha brasileiros surgiu em 1968, durante o governo do general Médici.

  Alguns exemplos de grupos são: VPR(Vanguarda Popular Revolucionária), ALN (Aliança Libertadora Nacional), VAR-Palma (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro). E muitos outros. Outro erro da guerrilha foi esse, eram grupos demais com propostas diferentes.  E, de certo modo, eram todos comunistas, ou seja, seguiam as ideias políticas, econômicas e sociais de Marx, Engels e Lênin. Seus heróis guerrilheiros eram Chê e Mao.

  Mas, por mais incrível que pareça, nem todo comunista foi a favor da luta armada. Como o PCB, liderado por Luís Carlos Prestes. Os comunas ''oficiais'' não acreditavam que a guerrilha seria bem-sucedida. A maioria deles propunham apoiar o MDB na oposição ao regime, de modo pacífico. E depois vem com aquelas falácias contra os comunistas...

  O que os guerrilheiros faziam? Claro que não tinham armas à toa. Confrontos com a polícia eram aos montes, e difícil determinar quem vencia o embate, Guerrilheiros ou Policiais? E quanto à aceitação popular? Enquanto os guerrilheiros assaltavam mercados, colocavam os alimentos no caminhão, e os distribuíam na favela, os policiais invadiam casas e oprimiam pensadores. De que lado dessa guerra você ficaria?



Por: Uriel Dias de Oliveira

domingo, 20 de novembro de 2011

O Comunismo Marxista.

  O filósofo alemão Karl Marx foi o responsável pelas mais concretas e desenvolvidas críticas ao capitalismo. Marx propôs, também, um outro sistema que recebe o nome de comunismo mas, está dividido em duas etapas: Primeiro, o socialismo e após, o comunismo concreto. Que são caracterizados por: meios de produção socializados, a inexistência da sociedade dividida em classes, a economia planificada e controlada pelo Estado. Sistema onde há liberdade de expressão e igualdade entre todos os indivíduos. É uma doutrina, ou uma ideologia. Possui propostas sociais, econômicas e políticas.

  Mas, para o sistema comunista entrar em vigor é necessário a total erradicação do capitalismo, por serem dois sistema opostos. O capitalismo, sistema do capital, é a causa de todas as desigualdades e de toda miséria que alastra o nosso planeta. Nele há classes mais valorizadas, como o empresariado ou a burguesia, que oprimem, manipulam, e reprimem as classes mais baixas, como os trabalhadores urbanos e rurais ou o assalariado.

  Marx diz que, na sociedade capitalista, há o antagonismo entre as classes. De acordo com ele, o antagonismo vem desde vários séculos atrás, antes mesmo da origem do capitalismo, e se estende até hoje. A única coisa que mudou foi o nome das classes, a relação Opressor x Oprimidos continua a de sempre. Por exemplo, as classes feudais e a pirâmide social daquele tempo. O Rei é o grande opressor, o clero é o que manipula e defende o rei, os militares são os bonecos do rei usados para a repressão e os camponeses são os que sustentam toda a pirâmide, são os oprimidos, injustiçados, roubados, manipulados, e são a maioria! Não vou discutir o sistema feudal, passemos então para o capitalismo do século XVIII. Os governantes, que possuem o poder político, e controlam as nações. A burguesia, dona do poder econômico e influência muito na área política, a classe dos luxos e das riquezas. E, enfim, o assalariado, a classe que trabalha para sustentar tudo e que é, assim como os camponeses no feudalismo, a maioria.

  Do antagonismo entre as classes tiramos a lição de que há, desde muito tempo, poucas pessoas possuindo muito, e muitas pessoas com nada na mão. O comunismo propõe uma situação inversa, onde não há desigualdades, não há classes, e portanto não há riqueza ou pobreza extremada. Todos são, no possível, iguais.




Por: Uriel Dias de Oliveira