quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Um pouco de história: Da transição do ofício para a manufatura, pontos, aspectos e consequências.


A manufatura se caracteriza em dividir o processo de produção do ofício tornando-o mais rápido e barato. Contextualizando, antes do processo de transição do ofício da idade média, para a manufatura, a oficina se baseava em três segmentos de trabalho, dos quais eram: Mestre, jornaleiro e aprendiz. Nessa relação, implicava que o mestre era o dono da oficina e que detinha o maior conhecimento sobre o ofício, mesmo sendo intitulado MESTRE ,não existia o sentimento nem o conceito dado ao “patrão” do século XX, pois então, um mestre não era um “patrão”moderno.
            Seguindo esse raciocínio, a relação dentro da oficina, também se baseava no fato de não haver o sentimento de divisão do trabalho e lar – que se dá a partir do século XIX com o auge do capitalismo e a revolução industrial-, pois ambas as partes eram anexas, o que tinha como conseqüência o fato de que o trabalho não propriamente se misturava, isso principalmente para mestre e aprendiz que geralmente moravam juntos.
            Dando sentido ao jornaleiro, este poderia ser tanto um mestre falido ou um aprendiz que não se tornou de fato mestre ao término do aprendizado. Trabalhava por dia, por isso o pseudônimo de “jornaleiro”, que advinha de jornal, no caso, todos os dias. Seguindo com as relações de trabalho na oficina, o aprendiz,  este era alguém que havia sido indicado por outro mestre da região ou por alguém da própria família do mestre, por esse motivo muitas vezes mestre e aprendiz moravam juntos. O aprendizado durava de 7 a 8 anos para ter a POSSIBILIDADE de se chegar ao titulo de mestre.
            Para isso havia uma avaliação do aprendizado, essa avaliação se dava pela presença de todos os mestres da região, e se chamava “banca” – por isso chamamos de banca os que avaliam os trabalhos de conclusão de curso -. Esta banca priorizava dois pontos: Qualidade e Habilidade. Se o aprendiz tivesse sucesso ele teria o direito de abrir sua própria oficina e receber seu titulo de mestre. E era extremamente esse fator “qualidade”  eu impedia que houvessem oficinas demais, fabricando demais, onde os produtos seriam de qualidade inferior, onde “manchariam” o emprego do ofício, , que até o século XVIII se fazia da mais alta honra e que também explica porque um jornaleiro mesmo tendo maior conhecimento que um aprendiz não chegaria ao posto de mestre, a não ser que voltasse a condição de aprendiz. Esses fatores foram culminantes no atraso da evolução do sistema capitalista que mais tarde seria inevitável.
            Quando surgem algumas idéias mais liberais nesse mesmo período, o contexto muda e se começa a pensar em uma produção em maior escala, isso é claro, por alguns mestres apenas. O que justifica isso é que nas oficinas os mestres só aceitavam encomendas de produtos até onde havia capacidade de produção com qualidade, e que era bem limitada, pois ele sozinho passava por todas as etapas da formação do produto, por exemplo, se fosse um sapato, seria desde o abate do boi até os últimos detalhes da costura. Em conseguinte, durante a transição para a manufatura o trabalho começa a se transformar em coletivo, onde os próprios mestres que detinha todo o conhecimento sobre o ofício começam a ter apenas uma especificação sobre a produção de terminado aspecto, gerando um afunilamento do conhecimento, criando uma cadeia de pessoas especializadas e que, segundo Marx, aprimoravam tanto seu conhecimento em uma única área a ponto dos próprios trabalhadores adquirissem habilidade para produzir muito em menos tempo e sem tanto cansaço, como se a mente se desligasse e com que o trabalho fosse repetitivo e automático.
            Isso gerou uma desvalorização do ofício, que era passado em gerações e como o conhecimento sobre determinado ofício era enorme, existia um status no período, o que não era fácil de conseguir em um sistema feudal. Quando o trabalho se torna especializado e programado, o trabalhador começa a repudiar sua função, gerando uma conseqüência mais contemporânea, o trabalhador não mantém a mesma função, sempre mudando de emprego abrindo um leque de especificações, mas nunca um conhecimento completo. A partir de transição a manufatura se divide em duas, a manufatura orgânica e a heterogênea. A orgânica se caracteriza pelo trabalho especifico e coletivo de UM MESMO OFÍCIO para uma criação em larga escala. Já o trabalho na manufatura heterogênea se caracteriza pela mistura de ofícios, onde cada indivíduo especializado faz uma peça para criar um produto que tem o resultado de vários sistemas, cada um em pontos específicos, como ,por exemplo, um trem, onde precisasse de um carpinteiro, um ferreiro e etc.
            Então, apenas colocando em debate a transição do ofício para a manufatura, percebe-se como o alguns pontos são relevantes em cada sistema, desde priorizar a qualidade e deixá-la de lado, ao repúdio pelo trabalho que antes era motivo de  orgulho.
            

Por: Gabriel Barbosa Rossi

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